O Exército Sudanês e um grupo paramilitar conhecido como Forças de Apoio Rápido já estiveram alinhados. O RSF lutou em nome do Exército Sudanês, até que sua influência superou e as ambições de seu líder, tenente Gen. Mohamed Hamdancolocou os dois grupos em confronto direto.
Quem são as Forças de Apoio Rápido?
As Forças de Apoio Rápido podem traçar suas origens para o notório milícias Janjaweed, que nos anos 2000 ajudou o Exército do Sudão a esmagar uma rebelião na região oeste de Darfur. Enquanto os militares tinham uma força aérea e armas pesadas, os Janjaweed forneciam combatentes terrestres em áreas isoladas.
Estima-se que 300.000 pessoas foram mortas no conflito entre 2003 e 2008, e mais 2,5 milhões foram deslocadas, de acordo com as Nações Unidas. O Tribunal Penal Internacional abriu investigações sobre a violência genocida, indiciando o ditador de longa data do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, sob a acusação de genocídio e crimes contra a humanidade em 2009.
Quem é o líder do RSF, General Hamdan?
tenente Gen. Mohamed Hamdanmais conhecido como Hemeti, é um ex-líder Janjaweed que já foi apoiado por al-Bashir, mas que acabou ajudando a derrubá-lo após um levante popular em 2019.
Em 2021, o general Hamdan e o chefe do exército, Gen. Abdel Fattah al-Burhandeu outro golpe e, até sábado, os dois dividiam o poder.
À medida que a influência do general Hamdan crescia, junto com suas aspirações de liderar o país, os dois generais tornaram-se inimigos. Os militares pressionaram para integrar o RSF em suas fileiras, mas o grupo paramilitar resistiu.
Qual é o tamanho do RSF?
Especialistas e autoridades ocidentais estimam que o RSF tenha entre 70.000 e 150.000 combatentes. Seus membros incluem ex-militares e oficiais de inteligência, de acordo com Roland Marchal, sociólogo da Universidade Sciences Po, em Paris, e especialista em guerras civis na África.
Nos últimos meses, o general Hamdan recrutou mais combatentes do leste e do norte do país em uma tentativa de ampliar sua base de apoio, segundo Marchal.
Ele também aprofundou sua conexão com potências estrangeiras, visitando a Rússia no início da guerra na Ucrânia, fazendo parceria com o grupo de mercenários Wagner cavar em busca de ouro no Sudão, e destacando tropas no Iêmen, para atender aos interesses da Arábia Saudita, e na Líbia, para os Emirados Árabes Unidos.
Ainda assim, o RSF carece do poder de fogo dos militares. O grupo não tem aviões, por exemplo. E embora os combatentes da RSF estejam acostumados a operar em áreas rurais, eles não são tão bem treinados para combater em cidades como Cartum, de acordo com Marchal.