Aquecimento global, turismo e até o peixe-leão são analisados. Trabalho foi solicitado pelo ICMBio e conta com apoio das operadoras de mergulho. Pesquisadores avaliam o fundo do mar em Noronha
Fábio Di Dario/Divulgação
Um grupo de pesquisadores deu início ao estudo do fundo do mar de Fernando de Noronha. O objetivo é analisar o chamado bentos, áreas de substrato onde vivem corais, algas e pequenos peixes.
Os primeiros resultados já mostram que há alterações e agora os pesquisadores querem saber qual é a influência do aquecimento global, do turismo e até do peixe-leão, espécie invasora e venenosa identificada na ilha desde dezembro de 2020, neste cenário.
A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Liana de Figueiredo Mendes, coordena o estudo. Ela pesquisa o mar de Noronha há 25 anos e recebeu uma solicitação do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) para comparar os ambientes aquáticos do passado e atual.
“Sabemos que em algumas áreas onde ocorriam esponjas e corais, não há mais esse registro. O fundo marinho dá sustentação para toda a cadeia produtiva do recife”, informou Liana Mendes.
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A pesquisadora tem o levantamento das áreas feito há mais de 20 anos. A pesquisa vai comparar as regiões submersas com o mesmo método feito no passado, que é uma amostragem por quadrante. Na metodologia são utilizadas imagens em vídeo e fotografias.
“Vamos avaliar os mesmos pontos registrados 25 atrás, usaremos o mesmo método. Vamos fazer amostragem por quadrante; nós mergulhamos, registramos a percentagem e a cobertura de espécies existentes”, explicou Liana Mendes.
Corais são avaliados no estudo
Fábio Di Dario/Divulgação
Ela disse disse que, na análise preliminar, foi possível identificar que algumas áreas estão preservadas e outro lugares não estão com boa cobertura de fundo, como a chamada Laje Dois Irmãos.
“A Laje Dois Irmãos tinha muitos corais e é possível ver que eles estão diminuindo. Ainda não é possível saber o motivo. Vamos avaliar e a expectativa é que em dois anos devemos ter algumas repostas”, afirmou a professora.
Já a área conhecida como Ponta da Sapata, os estudos iniciais apontam que a região está preservada.
Ao final do trabalho os pesquisadores podem propor ao ICMBio um manejo das áreas de mergulho, por exemplo, para ajudar na recuperação da região.
Pesquisadores avaliam as áreas e anotam estado atual
Fábio Di Dario/Divulgação
Aquecimento global
O aquecimento global pode ser um dos principais responsáveis pelas mudanças no fundo do mar em Fernando de Noronha.
Há 25 anos a água do mar em Noronha, no período mais frio, contava com temperada de 25 graus; atualmente, chega a 26 graus. Nos períodos mais quentes, era entre 28 e 29 graus; hoje são registrados até 30 graus no verão.
O peixe-leão também pode ameaçar as espécies do fundo do mar. “Vamos coletar o peixe-leão e analisar a genética do estômago. Queremos saber se eles estão se alimentando dos pequenos peixes da ilha”, disse Liana Mendes.
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O trabalho também conta com a participação do estudante de mestrado André Reis e com a colaboração do professor Sérgio Queiroz Lima.
A coleta de dados é feita através de mergulho de apneia e de mergulho autônomo, com apoio das empresas que realizam a atividade em Fernando de Noronha.
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