Sonda disse que o dinheiro sempre foi um ponto de pressão na relação com a família de Neymar. O magnata acrescentou que, antes de aceitar o acordo original com a DIS, Neymar pai havia contratado Wagner Ribeiro, então um dos mais importantes agentes do Brasil, para tentar conseguir um preço mais alto. Ribeiro deu a entender que outros clubes e outros licitantes, incluindo o então proprietário do Chelsea, Roman Abramovich, também estavam interessados na participação de 40 por cento de Neymar. Ribeiro deu a entender que o preço deve ser mais alto.
As conversas continuaram até meia-noite antes de Sonda se cansar. Ele não pagaria mais do que sua oferta original de cerca de dois milhões de dólares. E encerrou as negociações. No dia seguinte, Neymar e seus pais foram até o escritório revestido de madeira de Sonda e assinaram os papéis.
Para Sonda, a primeira indicação de que algo estava errado veio cerca de um ano depois que Neymar começou a jogar pelo time titular do Santos. Sonda lembrou que até então recebia convites frequentes para jogar bilhar e comer pizza com Neymar e sua família após os jogos na casa que o jogador de futebol comprou com parte dos dois milhões de dólares que recebeu. No entanto, em 2011, ele começou a notar a presença de outros convidados, incluindo Pini Zahavi, o agente israelense conhecido por realizar algumas das maiores transferências do futebol. Sonda disse sobre Zahavi: “Ele começou a aparecer porque queria levá-lo para a Inglaterra”.
Segundo Sonda, ao mesmo tempo, o pai de Neymar começou a pedir que ele vendesse de volta os direitos econômicos do filho. Sonda informou que as ofertas do pai continuaram a aumentar e no final chegaram a oito milhões de euros. O empresário lembra que lhe disse: “Você já ganhou o suficiente”.
No entanto, Sonda comentou que cobrar barato pelo seu investimento foi uma “proposta indecorosa”. Ele já tinha visto notícias de que times europeus, incluindo o Real Madrid, estavam dispostos a pagar até 70 milhões de euros por Neymar. Esse valor teria significado quase 30 milhões de euros para a DIS (um retorno de investimento de 15 vezes o que a empresa Sonda havia investido em 2009).
No Santos, as apostas também cresceram. O clube já havia renegociado o contrato de Neymar. Agora, ele havia concordado com um pedido de Neymar pai para fornecer uma carta autorizando-o a negociar o preço da transferência de seu filho com outras equipes, mesmo que o jogador ainda estivesse sob contrato com o Santos.