Maju Coutinho se emociona ao falar sobre os pais em homenagem do Fantástico ao Dia dos Professores


Pai e mãe de apresentadora do Fant foram professores da rede pública de ensino e revisitaram escolas em que trabalharam. Maju revelou que também teve breve período como professora em SP. Dia dos Professores: Pais da Maju voltam às escolas onde trabalharam por tantos anos.
O Fantástico mostra a história de Zilma e João, dois brasileiros que representam a essência dos milhares de professores das escolas públicas do país. Como será voltar, anos depois, aos colégios onde trabalharam por tanto tempo?
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Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo. Dona Zilma foi professora e coordenadora pedagógica da Escola Municipal 19 de Novembro. E João foi professor de língua portuguesa do Ensino Fundamental da Escola do Estado Bernardo Rodrigues Nogueira Dom.
“Quando eu queria passar um filme pros alunos, eu trazia minha TV de casa. A gente diz que nada mudou, mas tem muita coisa boa acontecendo, né?”, diz o professor João Raimundo.
“Um aluno que tinha uma deficiência fica na memória, a manifestação dele, o desejo de aprender, né? O aluno bem preparado no Fundamental 1 vai ser o alicerce do conhecimento, né? Você pode construir vários e vários andares desse conhecimento. Ser professor, na minha opinião é ensinar a pensar”, completa João.
Maju Coutinho e seus pais, João e Zilma, em entrevista ao Fantástico sobre a carreira de professor
Reprodução/TV Globo
Os professores Zilma e João se conheceram no final da década de 1960, casaram-se e tiveram dois filhos. Foi uma vida entre a casa e a escola; tudo isso misturado.
– Maju, você pode apresentar quem é esse casal fantástico?
“Claro, essa dupla fantástica: João Raimundo Coutinho, meu pai; Zilma Sales Coutinho, minha mãe. Me lembro da minha mãe indo à casa de alunos que evadiam, faltavam à escola, pra saber da mãe o que que estava acontecendo. Meu pai preparando aulas. Gostava muito de preparar aula com Música Popular Brasileira”, afirma Maju Coutinho.
“O professor foi um inovador. (…) No início dos anos 1980, por exemplo, o professor João trabalhava com essa coisa de letra de músicas pra ensinar, falar da língua portuguesa, coisa que mais tarde virou corriqueira, né?”, afirma o professor e historiador Marcelo Squinca.
Maria Júlia viu a mãe atuar na educação desde pequena.
“Muito marcante pra mim, 1988, centenário da Abolição no Brasil, e minha mãe fez todo um movimento que, pra mim, marcou”, lembra Maju.
“Às vezes, tem um discurso que o negro não faz um projeto, não faz nada, porque ele não tem o poder na mão. Ser coordenadora é ter um pouco de poder. Fizemos um projeto de descobrir qual a cor, qual era a minha cor, qual era a cor do [colégio] 19 de Novembro”, diz Zilma Sales Coutinho.
“E aí a gente viu que o aluno negro na primeira série tinha um número razoável. Na oitava, se resumia a dois, três”, completa a professora.
Exemplos dessa educação antirracista estão espalhados hoje pelo Brasil. “Muitos formatos, vários cabelos, não tenha medo, se olhe no espelho.” O professor Alan de Souza viralizou nas redes sociais com as músicas que criou para os alunos da rede municipal no Rio de Janeiro.
“Acreditar que a gente pode fazer um trabalho diferente dentro da educação. Eu posso ressignificar valores, conceitos e ideias”, afirma o professor Alan.
Muita gente não sabe, mas Maju Coutinho também foi professora.
“Eu tinha passado num concurso pra professora pública em São Bernardo do Campo pra dar aula para alunos da 4ª série do Ensino Fundamental. Não era meu forte. Eu era mais uma amiga da minha turma, uma irmãzinha, muito querida, mas eu não tinha esse jogo de cintura com a turma”, relembra Maju.
O pai de Maju conta que, apesar disso, os alunos mandaram uma lista quilométrica quando Maju foi exonerada, dizendo: “Não vai embora, não vai embora, não vai embora”.
“O professor tem que ser valorizado”, afirma João Raimundo.
“E ter condições de trabalho, né. O professor, ele é uma um profissional que precisa de descanso. E ele precisa ganhar bem, o professor precisa disso, para ele se desenvolver, para ele ter alegria de estar na escola”, diz Zilma.
E o que esse casal de professores pensa sobre os alunos?
“As cotas são necessárias. Embora muita gente às vezes acha que não, mas são necessárias. (…) Pro negro, pro índio, pro pobre, o branco pobre é viver um mundo de inclusão constante. Um trabalho diferenciado com os que foram excluídos ao longo do tempo, né”, afirma João.
Os professores preparam a gente para realizar sonhos. “Eles me prepararam para ser essa mulher que tem independência e que traça seu caminho”, diz Maju Coutinho. “Eu tô muito emocioanada, né? Difícil, porque é um exemplo muito forte. Deixam o sarrafo lá em cima. É uma semente boa”, completa.
A cada passo de João e Zilma nas escolas onde trabalharam, eles lembram de tantos outros professores que semearam este mesmo caminho.
“Foram pessoas que caíram aqui com uma missão muito bonita. Na época da ditadura, eu entrei aqui, tinha que pensar um pouco quando falava, quando emitia alguma opinião. Pessoas que resistiram, que propuseram coisas novas, é por isso que vocês existem aqui”, afirma a professora Zilma.
Neste dia, estabelecido em Lei pela primeira vez na história por uma professora negra, a deputada estadual de Santa Catarina Antonieta de Barros, o Fantástico deseja a todos: feliz Dia dos Professores!
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