J. Velloso e Recôncavo Experimental põem guitarras e beats na grande roda do samba da Bahia em álbum autoral


Com repertório inédito, o disco alinha participações do capoeirista africano Cantador de Moçambique e das cantoras Illy e Jussara Silveira em 13 faixas. Gustavo Caribé (à esquerda), idealizador do coletivo Recôncavo Experimental, se junta com J. Velloso em álbum com chula, samba de roda e reggae
Mirella Medeiros / Divulgação
♪ Sobrinho de Caetano Veloso e Maria Bethânia, Joviniano José Velloso Barrêtto sempre cantou o samba da terra do artista baiano, nascido em Santo Amaro da Purificação (BA) e conhecido como J. Velloso no meio musical.
Em J. Velloso e Recôncavo Experimental, álbum que entra em rotação a partir de amanhã, 25 de abril, o artista se une ao coletivo Recôncavo Experimental – idealizado e personificado pelo baixista Gustavo Caribé nas fotos promocionais do disco – para pôr rock, guitarrada e beats na grande roda do samba da Bahia.
A intenção foi abordar com contemporaneidade gêneros musicais, danças e manifestações culturais da região do Recôncavo Baiano como chula, samba de roda, reggae, capoeira, Maculelê, Nego Fugido, e a Chegança de Saubara.
Criada por Mirella Medeiros, parceira de J. Velloso e Gustavo Caribé na composição da maior parte do repertório autoral do disco, a identidade visual do álbum J. Velloso e Recôncavo Experimental está refletida na capa que expõe imagem evocativa da tradicional manifestação cultural Caretas de Acupe, criada em 1950 em Acupe, distrito de Santo Amaro (BA), para celebrar a resistência do povo escravizado.
Capa do álbum ‘J. Velloso e Recôncavo Experimental’ com imagem alusiva à manifestação cultural Caretas de Acupe
Peterson Azevedo com arte de Mirella Medeiros
Com 13 músicas, o álbum J. Velloso e Recôncavo Experimental transita por diversos temas da região baiana em faixas como Sou Maculelê (Gustavo Caribé, J. Velloso e Mirella Medeiros), Vida chula (Gustavo Caribé e J. Velloso) – gravada com o sambista Zolinha de Santo Amaro – e Na casa de Jah (Gustavo Caribé, J. Velloso e Mirella Medeiros), exemplo do reggae temperado com o dendê do Recôncavo Baiano.
A jornada do álbum parte da capoeira, cuja levada embala a primeira faixa, Isso que Entristece / Besouro Preto (J. Velloso / Fala Manso), gravada com a adesão vocal de Cantador de Moçambique, jovem capoeirista africano que interpreta música do mestre de capoeira baiano Fala Manso.
Na sequência, Recôncavo chegando (Gustavo Caribé e Jaime Nascimento) sintetiza a mistura proposta pelo disco com mix de samba de roda, guitarrada, pandeirada e rock.
Cantoras identificadas com o samba da Bahia, Illy e Jussara Silveira participam do disco J. Velloso e Recôncavo Experimental. Illy assovia e faz vocais em Marafo bom (Gustavo Caribé, J. Velloso e Mirella Medeiros), música menos vivaz cujo título alude à bebida utilizada nas oferendas à entidade evocada como Caboclo.
Jussara Silveira entra na roda para cair no samba Cadê Jão (Gustavo Caribé, J. Velloso e Mirella Medeiros), levado em cadência embasada com a percussão de Tiago Silva e harmonizada com a guitarra e os beats de Leo Mendes.
A jornada do álbum J. Velloso e Recôncavo Experimental termina com a regravação da única música já pré-existente do repertório, Santo Antônio (J. Velloso, 2003), lançada com sucesso por Maria Bethânia há 21 anos no álbum Brasileirinho (2003).
Ao rebobinar o samba, J. Velloso inclui a Oração do desespero para Santo Antônio, dando toque de novidade à faixa que encerra disco situado entre as tradições do passado e os sons do presente, mas com dois pés na rica cultura ancestral do Recôncavo Baiano.
Gustavo Caribé (à esquerda) e J. Velloso lançam disco com inédito repertório autoral gravado com participações das cantoras Illy e Jussara Silveira
Mirella Medeiros / Divulgação

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