Categories: Mundo

Irã: mais de 40 morrem em manifestações motivadas por morte de jovem que foi presa por causa do véu | Mundo

As autoridades do Irã afirmaram nesta segunda-feira (26) que 41 pessoas morreram nos protestos contra a morte de Mahsa Amini, de 22 anos (ela morreu quando estava sob custódia da polícia dos costumes por não estar usando o véu muçulmano de acordo com as regras do país).

Mais de 1.200 manifestantes foram detidos no Irã, de acordo com um balanço da autoridades locais nesta segunda-feira (26), o 10º dia de protestos.

A maioria dos mortos é de manifestantes, mas também há integrantes das forças de segurança.

Os números de entidades independentes são diferentes: a IHR, com sede em Oslo, informou que pelo menos 76 pessoas morreram nos protestos —os números podem ser maiores, diz a IHR, porque os cortes de Internet dificultam a confirmação do balanço dos protestos, que acontecem em várias cidades. Seis mulheres e 4 crianças estão entre os mortos, diz a entidade.

1 de 2 Mulher curda corta os cabelos em protesto na Síria em solidariedade às mulheres iranianas — Foto: Orhan Qereman/Reuters

Mulher curda corta os cabelos em protesto na Síria em solidariedade às mulheres iranianas — Foto: Orhan Qereman/Reuters

As forças de segurança usaram balas de borracha e também letais (a IHR disse ter obtido vídeos e atestados de óbito que confirmam disparos com balas reais contra os manifestantes). Os manifestantes responderam com pedras, queimaram viaturas policiais e incendiaram edifícios públicos.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CJP) informou que 18 repórteres foram detidos desde o início dos protestos.

2 de 2 No Irã, mulheres fogem da polícia durante protesto. — Foto: Associated Press

No Irã, mulheres fogem da polícia durante protesto. — Foto: Associated Press

Presa por violar regras sobre o véu

No domingo, os protestos continuaram no país. Os protestos geralmente ocorrem durante a noite. “Na verdade, durante o dia, nossa vida cotidiana não é afetada”, disse Aaraam, uma advogada de 30 anos, em Teerã. Na capital, há gritos contra o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, de 83 anos, incluindo “morte ao ditador”, de acordo com imagens divulgadas pela ONG Iran Human Rights (IHR).

Algumas ativistas arrancaram os véus e jogaram em uma fogueira, e outras cortaram o cabelo.

Uma das mais importantes autoridades religiosas do país, o aiatolá Hossein Nuri Hamedani, pediu ao governo que ouça os manifestantes.

“As autoridades têm de ouvir as reivindicações do povo, resolver seus problemas e demonstrar sensibilidade em relação aos seus direitos”, disse Hamedani, um ferrenho defensor do guia supremo Ali Khamenei, em um comunicado publicado ontem em sua página on-line.

O principal movimento reformista do país, o Partido Popular União Islâmica do Irã, pediu o fim do código obrigatório de vestimenta.

Governo organiza manifestações em resposta

O governo do Irã organizou manifestações em defesa do hijab (o véu) e dos valores conservadores. No principal evento pró-governo, celebrado no domingo em Teerã, os manifestantes expressaram apoio às leis sobre o véu.

“Mártires morreram para que este hijab estivesse em nossas cabeças”, disse a manifestante Nafiseh, 28 anos, que diz que o uso do hijab deve ser obrigatório.

O IHR informou no domingo que sindicatos iranianos convocaram professores e alunos a boicotarem as aulas nesta segunda e na quarta-feira em apoio aos protestos.

Nesta segunda-feira, a Alemanha convocou o embaixador do Irã, e o governo canadense anunciou uma série de sanções contra vários funcionários e entidades iranianos.

No domingo, a União Europeia havia denunciado a repressão das manifestações. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, lamentou a resposta iraniana aos protestos, que chamou de “desproporcional, injustificável e inaceitável”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou, na semana passada, as “mulheres corajosas” do Irã durante um discurso na Assembleia Geral da ONU.

O Irã atribui o movimento de protesto a “complô” fomentados no exterior, que seria capitaneado pelos EUA. O governo do Irã convocou os embaixadores de Reino Unido e Noruega.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, criticou a “abordagem intervencionista americana nas questões do Irã, incluindo as ações provocadoras de apoio aos agitadores”.

Veja os vídeos mais assistidos do g1

Fonte

MicroGmx

Recent Posts

Os novos atores da política brasileira? Elon Musk e os republicanos.

Há apenas alguns meses, o movimento político por trás do ex-presidente de extrema direita do…

1 hora ago

Tropas israelenses entram em Rafah enquanto negociações de cessar-fogo enfrentam incertezas: atualizações ao vivo

Com a apreensão do lado de Gaza da passagem fronteiriça de Rafah com o Egipto,…

3 horas ago

Soldado dos EUA é detido na Rússia e acusado de roubo, dizem autoridades

Um homem que foi identificado por autoridades americanas como sargento do Exército foi detido na…

4 horas ago

Xi se irrita com críticas à China por causa da guerra na Ucrânia

O Presidente Xi Jinping da China, numa visita de dois dias a França, pronunciou-se firmemente…

4 horas ago

Senadores buscam restringir o reconhecimento facial em aeroportos, citando preocupações com privacidade

Um grupo bipartidário de senadores está pressionando para interromper a expansão da tecnologia de reconhecimento…

4 horas ago

TikTok processa o governo dos EUA após assinatura da lei que obriga a venda da companhia

Segundo as empresas, a lei viola a Constituição dos EUA, entre outros motivos, por entrar…

5 horas ago