De fato, há muitos aspectos de Wainaina para saborear em “Como escrever sobre a África.” Ele é especialmente expressivo ao retratar Nairóbi, cidade que o arrebatou. “A grama Kikuyu ao lado da estrada está chorando lágrimas prateadas da cor da luz lembrada; Nairóbi é uma névoa nebulosa à distância”, escreve ele em “Discovering Home”. “Logo a inocência que se veste de névoa será afastada por um sol confiante, e a busca por dinheiro atingirá seu auge.”
Ao mesmo tempo, como aponta Iduma, é “difícil pensar em um escritor de sua geração que fosse tão pan-africano quanto ele”. Sua peça exuberante sobre o time de Togo na Copa do Mundo de 2006, “O time de futebol mais autêntico, mais negro e africano”, chega a uma conclusão emocionante quando as celebrações simultâneas irrompem “em balcões de coral em Zanzibar, em um ambiente escuro de rumba , bar cheio de milícias em Lubumbashi, em lojas de vídeo precárias em Dakar” e além.
“Ele tinha o dom de cruzar fronteiras nacionais como se fossem apenas linhas na areia”, disse Barrett. “Ele era muito queniano, mas também parecia nigeriano, ugandense, senegalês e sul-africano como os escritores que procurava.”
E depois há a pressa criada pela linguagem de Wainaina, que se move para sua própria síncope. É farpado, brincalhão, inventivo. “O que me emociona toda vez que leio”, disse Iduma, “é a sensação de que o verdadeiro dom de Wainaina era encontrar o ritmo na linguagem, martelando as palavras até cantá-las”. Em uma peça, por exemplo, ele zomba “da história, do boato, do mito, do elogio, do olho duplo” e da “farsa do sorriso de crocodilo” dos líderes.
Wainaina foi um original cujo trabalho ofereceu uma visão mais expansiva da escrita africana. Ele não deveria ser limitado. Seu ensaio de 2014 “Eu sou homossexual, mãe” também deixou clara sua bravura e o transformou em um dos críticos mais proeminentes da África contra a discriminação anti-gay. Ele se definiu em seus próprios termos, não apenas em sua escrita.
