Geórgia retira projeto de lei de ‘agentes estrangeiros’ que desencadeou protestos por paralelos com a Rússia

TBILISI, Geórgia — O Parlamento da Geórgia rejeitou na sexta-feira o projeto de lei que desencadeou uma tempestade política e manifestações em massa nesta semana por temores de que a medida empurre a pequena ex-república soviética de volta à órbita de Moscou.

Os legisladores do partido governista Georgian Dream retiraram a legislação que os críticos chamaram de esforço inspirado no Kremlin para minar a democracia ao votar contra ela durante sua segunda leitura, de acordo com um comunicado no site do Parlamento. Apesar dos temores de que os legisladores encontrem outras maneiras de reprimir a sociedade civil, a decisão de sexta-feira, que foi telegrafada pelo governo, foi recebida com aplausos do lado de fora do prédio.

Após a rápida aprovação inicial do projeto na terça-feira, uma multidão se reuniu no mesmo local. Gritando “Não à lei russa” e “Não ao governo russo”, alguns tentaram invadir o Parlamento, mas foram recebidos por policiais de choque usando canhões de água, granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

Na Geórgia, que perdeu território para a Rússia em uma dolorosa guerra em 2008 após uma invasão do presidente Vladimir V. Putin que afetou traçou paralelos com a guerra na Ucrânia, qualquer associação com Moscou é uma questão politicamente inflamável. Em sua declaração sobre a eliminação do projeto de lei, o Georgian Dream culpou a “máquina de mentir” da oposição, que disse ter anexado um “rótulo falso de ‘lei russa’”.

O proposta de lei, “sobre transparência e influência estrangeira”, exigiria que grupos da sociedade civil e meios de comunicação se registrassem como “agentes de influência estrangeira” se recebessem mais de 20% de seu financiamento de “uma potência estrangeira”. O não cumprimento resultaria em multas de até US$ 9.600.

Os manifestantes levantaram preocupações de que a lei proposta imitava uma legislação semelhante na Rússia, onde se tornou uma ferramenta poderosa que ajudou o Kremlin a expurgar da sociedade civil muitos grupos pró-Ocidente.

A decisão dos legisladores georgianos de rejeitá-la na sexta-feira atraiu críticas de Moscou. O porta-voz do Kremlin, Dmitri S. Peskov, disse que a opinião da Rússia é que “alguma mão visível está tentando adicionar elementos anti-russos” à Geórgia. Ele apontou para o fato de que o presidente Salome Zourabichvili da Geórgia havia entregou um endereço sobre o assunto na quinta-feira dos Estados Unidos, onde ela estava em visita de trabalho.

“Isso pode desencadear provocações, e nós observamos isso de perto e com grande preocupação”, disse Peskov em uma entrevista coletiva diária.

Dentro da Geórgia, a crise arriscou se transformar em uma luta pela sobrevivência do partido Georgian Dream, e ativistas de ambos os lados da questão sugeriram que a luta não havia acabado.

Os críticos da lei proposta disseram que, embora a rápida reviravolta tenha sido uma vitória clara para a sociedade civil da Geórgia, a luta pelo aumento das restrições continuaria. E sonho georgiano disse em um comunicado que assim que o “fundo emocional diminuir”, o partido fará o possível para esclarecer “a que propósito o projeto de lei servia e por que era importante garantir a transparência da influência estrangeira em nosso país”.

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