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General confessou morte de operário e Justiça Militar fingiu que não ouviu

A voz de um general envolvido na repressão e na morte de Armando Teixeira Fructuoso, desaparecido em 1975, desmonta a farsa. O operário Armando Teixeira Fructuoso foi visto pela última vez no dia 30 de agosto de 1975 no bairro de Madureira, bairro do Rio de Janeiro. Passados 42 anos, seu paradeiro ainda é um mistério. Armando é, oficialmente, um desaparecido.
Segundo a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, o líder sindical e membro do PCdoB foi sequestrado por militares, que o torturaram, mataram e esconderam o corpo. O Exército nega a versão até hoje.
Em março de 1978, o Comando do I Exército abriu sindicância para apurar as denúncias de que ele fora assassinado numa unidade militar. A conclusão desse inquérito foi a de que “as torturas não aconteceram, pois Armando nunca esteve preso naquela unidade militar”.
A voz de um general envolvido na repressão e na morte de Fructuoso desmonta a farsa.
Numa sessão do Superior Tribunal Militar, o ex-comandante do I Exército Reinaldo Melo Almeida revela que Fructuso havia sido assassinado numa unidade militar no Rio de Janeiro. A confissão ocorreu durante o julgamento de Fructuoso.
Disse o ministro: “O problema levantado é que durante o meu comando morreu um elemento no Doi-Codi do I Exército”. Um outro ministro completa: “De modo que tenha sido morto e foi roubado”. A frase significa que mataram e esconderam o corpo.
A Justiça Militar não suspendeu a sessão nem extinguiu o processo. Ao contrário. Continuou julgando os crimes atribuídos a Fructuoso e ignorou a confissão feita por um de seus ministros.
“Estamos julgando um cadáver”, conclui um dos oficiais do STM, o general Rodrigo Otavio. Era fato. E o julgamento prosseguiu, como se nada tivesse acontecido.
A revelação é fruto do trabalho do historiador Carlos Fico e do repórter Vitor Hugo Brandalise. Titular de História do Brasil da UFRJ, Fico teve acesso às gravações das sessões do STM. A primeira revelação sobre o teor das fitas foi feita pela jornalista Miriam Leitão, em abril deste ano.
Agora, o podcast “Radio Novelo Apresenta” mergulha nas quase 10 mil horas de gravação e traz novos fatos. O primeiro episódio já está no ar.

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