Os Estados Unidos e as Filipinas anunciaram um acordo na quinta-feira que dará às forças americanas acesso a mais quatro locais militares no país do Sudeste Asiático, criando a maior presença militar americana lá em décadas.
O acordo, um aparente sinal de aquecimento dos laços entre os países depois de seis anos difíceis, teria implicações estratégicas se algum dia um conflito estourasse em Taiwan ou no Mar da China Meridional.
Aqui está uma breve história da aliança militar dos EUA com as Filipinas e seu complexo legado histórico.
Como os dois militares estão ligados?
As Filipinas, uma ex-colônia espanhola que conquistou a independência em 1946 depois de ser governada como território americano por décadas, é o mais antigo dos cinco aliados do tratado dos Estados Unidos na região. (Os outros são Austrália, Japão, Coréia do Sul e Tailândia.) É também um parceiro estratégico crucial em uma região onde a China vem afirmando seu poderio militar e construção de postos militares em ilhas contestadas no Mar da China Meridional.
Os três principais componentes da aliança militar EUA-Filipinas são um Tratado de Defesa Mútua de 1951; um Acordo de Forças Visitantes de 1999 que permitia exercícios militares em larga escala; e um acordo de defesa de 2014 que permitiu que os militares americanos estacionassem tropas e armas em cinco locais nas Filipinas.
Os militares dos Estados Unidos também enviaram forças de Operações Especiais para assessorar missões de contraterrorismo no sul das Filipinas, onde Insurgentes muçulmanos lutaram o estado de maioria católica por décadas.
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Um legado colonial carregado
As Filipinas já abrigaram algumas das maiores instalações militares ultramarinas da América. Mas a ideia de hospedar tropas estrangeiras no país era politicamente delicada, porque muitos filipinos viam o arranjo como um vestígio do colonialismo americano.
Em 1992, os Estados Unidos tiveram que desocupar Subic Bay, sua última base no país, após protestos de rua e a decisão do Senado filipino de encerrar a presença militar americana. Subic Bay fica perto do Mar da China Meridional e já foi o lar de um principal naval dos EUA contingente durante a Guerra Fria.
Os acordos de 1999 e 2014 permitiram que os militares americanos reconstruíssem até certo ponto sua presença nas Filipinas. Mas quando o presidente Rodrigo Duterte assumiu o cargo em 2016, ele disse que queria acabar com o primeiro e potencialmente revogar o segundo, como parte de um “separação” com os Estados Unidos e um movimento em direção a melhores relações com a China.
Estreitamento dos laços EUA-Filipinas
Sr. Duterte eventualmente recuou de suas ameaçase seu sucessor, o presidente Ferdinand Marcos Jr., busca desde então reatar as relações com os Estados Unidos assumiu o cargo no ano passado. O acordo anunciado na quinta-feira é um grande passo nessa direção.
Especificamente, ele estenderia o acordo de 2014, permitindo que Washington posicionasse equipamentos militares e rotacionasse suas tropas em um total de nove locais militares filipinos, ante quatro no acordo original de 10 anos. A mudança permitirá essencialmente que os Estados Unidos estabeleçam sua maior presença militar no país em 30 anos.
Por que o novo acordo é importante?
A extensão do pacto de 2014, o Acordo de Cooperação em Defesa Aprimorada, pode ter implicações para o futuro de Taiwan, a democracia insular perto da China que Pequim reivindica como seu território.
As tensões sobre Taiwan têm aumentado desde a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi visitado no verão passado. Esse movimento contencioso levou Pequim a intensificar sua atividade na área com vários dias de exercícios de fogo real, levantando o espectro de um conflito futuro.
Autoridades americanas dizem que obter acesso às ilhas mais ao norte das Filipinas é crucial para combater a China no caso de um ataque à vizinha Taiwan. Uma das ilhas, Luzon, a mais populosa do país, possui instalações militares que podem acomodar tropas americanas e aviões de combate.
O novo acordo também pode ter implicações no Mar da China Meridional, que abriga algumas das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.
Embora um tribunal internacional tenha considerado em 2016 que a reivindicação expansiva de Pequim à soberania sobre o mar não tinha base legal, o acúmulo militar chinês lá continuou. As Filipinas são uma das várias nações do Sudeste Asiático, incluindo Indonésia e o Vietnã, que querem a ajuda americana para evitar esse acúmulo.