Elegante e discreto: o que é 'Quiet Luxury', tendência que deixa de lado a ostentação


Comportamento de consumidores do mercado de luxo que deixa de lado a ostentação para dar lugar a itens de altíssima qualidade que pode ser passada por gerações. Moda nas redes: entenda o recession core e o luxury core
Ao mesmo tempo que o Recession Core, tendência de moda influenciada pela recessão e marcada pelas roupas mais discretas, desponta nas redes sociais, outra expressão ganha força ao seu lado: o Quiet Luxury, o luxo silencioso, em português.
Nesta semana em que a São Paulo Fashion Week está de volta, a partir da quinta-feira (25), o g1 explica em uma série de reportagens tendências minimalistas que estão saíram das passarelas e chegaram às ruas (e às redes sociais).
O que é Quiet Luxury
De onde vem o movimento
Recession Core x Quiet Luxury
Retrato do Quiet Luxury
O que é ‘Quiet Luxury’
Assim com o Recession Core, tendência que viralizou nas redes sociais e que aposta em itens neutros para os looks, o Quiet Luxury também tem a recessão econômica mundial como origem.
“Ambos saem do mesmo contexto socioeconômico de crise, se desdobram esteticamente de formas similares, mas conversam com públicos diferentes”, diz Sofia Martellini, especialista em tendências de moda da WGSN. No caso do Quiet Luxury, o público que ela diz são os consumidores de mercado de luxo.
“O Quiet Luxury é, obviamente, extremamente sofisticado. Uma das principais características são, de fato, os materiais de altíssima qualidade. São peças feitas para durar, para passar de geração para geração”, explica a pesquisadora.
Desta forma, as características de um visual associado ao Quiet Luxury, para além da qualidade dos itens, são peças atemporais, discretas, acessórios pontuais e quase sem menção às marcas. Nada mais da logomania, em alta nas temporadas passadas.
De onde vem o movimento
Assim como o Recession Core, o Quiet Luxury é um reflexo da crise mundial, de pós pandemia, inflação, guerra e alto custo de vida, e que leva as pessoas a gastarem menos.
“Já para as pessoas que não necessariamente foram afetadas pela crise, geralmente aquelas de classes mais elevadas, estão aderindo a um comportamento de não ostentar o dinheiro”, diz Sofia. “É o que vem acontecendo desde a pandemia: não fica de ‘bom tom’ ostentar.”
O Quiet Luxury surge a partir deste comportamento: não deixar aparente o quanto de riqueza a pessoa possui e investir em peças úteis e que durem.
Os acessórios menos ostensivos também já foram notados nos tapetes vermelhos de grandes premiações, como no Globo de Ouro e no Oscar.
Quinta Brunson, Jean Smart e Hilary Swank durante o Globo de Ourto em 2023
NBC/via AP/Jon Kopaloff / Getty Images North America / Getty Images via AFP
Nesses eventos, onde são notados os looks acompanhados de joias, desta vez, elas aparecem discretas, ou nem aparecem, como é o caso dos colares. As artistas, agora, optaram por figurinos sem o acessório, ainda que o restante do look tenha custado uma pequena fortuna.
“Isso não significa que as celebridades não possam usar mais nada de luxo. Mas esses colares muito milionários são deixados de lado: ‘vamos deixar só o vestido milionário?'”, diz Sofia. “Isso acaba sendo a discussão do Quiet Luxury, essa não-ostentação, por mais que os vestidos sejam caríssimos, às vezes até mais caras que as joias.”
Um artigo no “Financial Times”, de abril deste ano, mostrou, por exemplo, os homens aderindo aos relógios esportivos (ainda que de alto valor) em vez dos acessórios mais clássicos, símbolos de riqueza, que agora ficam nas gavetas.
Recession Core x Quiet Luxury
Durante e pós-pandemia, o movimento que se via, principalmente nas redes sociais, era o “dopamine dressing”, na tradução, “vestir-se de dopamina”, e que remetia a brincar de se vestir. Por isso, a aposta era em roupas supercoloridas e vibrantes e peças mais ousadas.
As duas principais tendências de agora, o Recession Core e Quiet Luxury, vão pela direção oposta: peças neutras, de cores como o bege e o cinza, e que não sejam marcadas por temporadas.
As duas tendências também já puderam ser observadas nas semanas de moda, em desfiles como o da Chanel, da Miu Miu e da Gucci.
Desfile de outono/inverno da Miu Miu
Reprodução/Youtube
“O da Miu Miu, por exemplo, foi muito mais para o Recession Core: legging, moletom com jaqueta por cima. São itens usáveis, tem o conforto. São peças mais ‘pé no chão’.”
Retrato do Quiet Luxury
O Quiet Luxury faz uma linha mais discreta: ele até pode parecer muito rico, mas tem como característica a discrição. “É elegante e confortável. Falou-se muito no ano passado da estética do ‘old money’, e isso entra um pouco no Quiet Luxury”, diz a pesquisadora.
“Old money”, ou dinheiro antigo, que faz referência a herdeiros e fortunas que passam de geração para geração. A estética já é bastante conhecida e os looks normalmente têm blazers, sobretudos e trench coat, tricôs, camisas e conjuntos de alfaiataria. A diferença aqui é a qualidade, já que no Quiet Luxury é a característica essencial.
Shiv Roy, interpretada por Sarah Snook, na série ‘Succession’
Reprodução/Instagram/Succession
O estilo foi abordado na revista “InStyle” a partir do comportamento e do figurino da personagem da série “Succession” Siobhan Roy, filha do bilionário da mídia Logan Roy, interpretada pela atriz Sarah Snook.
Em seu guarda-roupa aparecem marcas como Tom Ford, Max Mara e The Row, criada pelas irmãs Ashley e Mary-Kate Olsen, além de joias minimalistas.

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