Em 2017 “Vai dar PT” mudou a vida de Lucas Rafael Santos Lima, o MC Rahell. Ele largou o trabalho de garçom em Belo Horizonte e assinou contrato com uma agência de funk em São Paulo. Cinco anos depois, o sucesso ganhou um inesperado 2º turno, impulsionado por apoiadores de Lula (PT).
Na eleição de 2022, os apoiadores de Lula e Bolsonaro fizeram voltar às paradas dois funks antigos que não foram escritos com sentido político, mas acabaram sendo adotados por cada lado. O g1 fez reportagens para contar a história das duas faixas:
MC Rahell — Foto: Divulgação
“Vai dar PT” começa com uma pergunta: “Foi pro baile muito louca, a fim de se envolver / Só tem 18 anos, o que vai acontecer?“. Aconteceu muita coisa:
MC Fioti no clipe de ‘Vai dar PT’, música produzida por ele e composta e cantada por MC Rahell — Foto: Divulgação
Rahell cresceu na comunidade do Morro das Pedras, na Zona Oeste de BH, e aprendeu a cantar no coro de uma igreja evangélica aos 9 anos. Depois, se encantou pelo funk. “Quando criei ‘Vai dar PT’, sabia que ia explodir. Eu tenho noção dessa coisa de música e melodia por causa da igreja”, ele diz.
Ele trabalhava como garçom no Rancho do Boi do Anchieta, bairro de classe alta na Zona Sul de Belo Horizonte. O sonho dele era cantar no Chalezinho, boate famosa entre o público jovem e rico da capital mineira.
“Eu falava para os meus clientes no restaurante: ‘eu fiz essa música e tenho certeza que vai estourar’. E ficava cantando para eles”, lembra Rahell. “Eles rachavam (riam) e diziam que música era ‘top’.”
Rahell gravou a música com produção do amigo Gbeatz e a previsão para os clientes se confirmou “A música foi andando, e dali a pouco explodiu tanto que eu tive que vir para São Paulo”, ele conta.
A agência que o contratou pediu uma nova versão feita pela sua grande aposta da época, o MC Fioti. Mas Rahell queria que o clipe saísse com a produção original, de Gbeatz.
Por isso o sucesso se espalhou com duas bases até hoje: no YouTube ficou a primeira versão. No Spotify e outras plataformas de streaming, ficou a produção refeita pelo MC Fioti – com estilo bem semelhante ao do megahit “Bum bum tam tam”, lançada só duas semanas depois.
Na época, a RW tinha uma geração de artistas prestes a despontarem: “Quando cheguei na empresa, tinha eu, Fioti, Lan, Mirella, estava todo mundo tentar estourar ali, começando a engatinhar. Todo mundo com sua musiquinha batendo”, ele lembra.
“Aí eu fui e gravei ‘Vai dar PT’. Mas eu gravei e logo depois voltei pra BH para trabalhar de garçom. Porque a música já estava estourada, mas ainda não estava me dando dinheiro”, ele conta.
O sucesso o levou de vez para SP, onde ele mora até hoje, aos 32 anos com um filho e a esposa, grávida do segundo.
A demanda por shows foi tão grande na época que o jogo virou: ele teve que recusar uma data proposta pela sonhada boate Chalezinho. Ele foi bem mais longe: fez shows em Portugal, Reino Unido, França, Alemanha e Japão.
Rahel na sua cidade natal, Belo Horizonte, antes de estourar e se mudar para SP — Foto: Arquivo Pessoal
Rahell teve outros sucessos menores em 2018, como “Noite passada” e “Vai com o bundão”. Em 2020, lançou a música “Vai dar PT 2”. O clipe tem 600 mil visualizações no YouTube, bem longe das 60 milhões do hit de 2017.
Ele não conseguiu ficar tão conhecido quanto a própria música. Tanto que, entre quem não acompanha muito funk, tem gente que acha que a música é do Léo Santana. “Eu sou fã do Léo e muito grato a ele, que ajudou a minha música a chegar mais longe ainda”, diz, sem ressentimento.
“Mas eu acho que na época que eu estourei faltou uma assessoria, para o pessoal saber quem eu era, quem cantava aquela música”, avalia Rahell.
Ele quer aproveitar melhor a nova chance. No domingo (2), as eleições fizeram “Vai dar PT” voltar às paradas nacionais do Spotify, feito raro para uma música de cinco anos atrás: a versão de Léo Santana ficou em 152º lugar e a de Rahell em 154º.
As duas versões também estão na parada viral, das músicas que se espalham mais rápido no Spotify: a versão de Rahell em 20º e a de Léo Santana em 51º.
Junto com o sucesso, o cantor também colhe os resultados do ressentimento político. “Eu vou cantar em duas baladas em Chapecó: uma mais ‘playboy’ e outra da ‘quebrada’, ele conta.
“Na festa da ‘quebrada’, o promotor divulga só com ‘Vai dar PT’, posta o clipe o tempo inteiro. Na outra, o cara pediu para eu fazer um vídeo e disse que eu não podia cantar ‘Vai dar PT”, diz Rahell. “Eu falei: ‘Mas tá estourada’. E ele falou: ‘Não, aqui o pessoal é Bolsonaro'”, diz o músico.
“Para você ver aonde as coisas estão chegando”, MC Rahell comenta. “Eu gosto mais do Lula do que do Bolsonaro. Mas eu respeito os outros. O Neymar gosta do Bolsonaro. Eu não vou deixar de seguir ele por causa disso. Não tem lógica, entendeu?”
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