Brasil tem redução de insetos terrestres, diz estudo da UFSCar, Unicamp e UFRGS; entenda causas | São Carlos e Araraquara

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Araras (SP), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), detectou a redução no número de insetos terrestres no Brasil, como abelhas, borboletas, vespas, formigas e besouros.

Eles são considerados essenciais para a manutenção do ecossistema e das atividades agrícolas. Entre as causas está o uso de agrotóxicos. (veja abaixo as principais causas).

Umas das responsáveis pelo projeto é Kayna Agostini, docente no Departamento de Ciências da Natureza, Matemática e Educação (DCNME-Ar), do campus de Araras da UFSCar.

Os pesquisadores analisaram as tendências dos últimos cinco anos, com base em 45 estudos publicados. Foram aplicados, também, questionários a 156 cientistas que pesquisam insetos no país.

O estudo ‘Insect decline in Brazil: an appraisal of current evidence’ foi publicado na revista científica Biology Letters. O documento pode ser acessado de forma online.

Campus da UFSCar em Araras — Foto: Divulgação/CCS UFSCar

Entre as principais causas do declínio de insetos terrestres, com base nos pesquisadores, estão:

  • mudanças no uso da terra, com substituição da vegetação nativa pela agricultura;
  • uso de agrotóxicos;
  • mudanças climáticas.

A introdução de espécies exóticas, apesar de menos comum, também pode interferir na sobrevivência de animais locais. As exóticas podem ser competidoras de espécies nativas e acabar com uma população.

No caso das abelhas, por exemplo, a drástica modificação de alguns espaços, com a retirada da vegetação e a implementação do asfaltos e luzes, excluiu o espaço propício para a construção de seus ninhos, o que pode estar associado à redução no número dessa população.

Drástica modificação dos espaços provoca morte de abelhas e consequente redução no número da espécie — Foto: TV Globo/Reprodução

A iniciativa investigou também a quantidade de animais aquáticos nos últimos anos. Com base nos estudos, não houve declínio, porém não se pode afirmar que os espaços estão bem conservados.

“A maioria das pesquisas é muito recente, e as regiões desses insetos já estavam degradadas. Como não houve monitoramento antes de toda a poluição e a mudança do ambiente, não sabemos, de fato, se houve ou não declínio em um maior espaço de tempo”, afirma Agostini.

Segundo Agostini, o conhecimento e o monitoramento são passos essenciais para a conservação das espécies.

“Há muitas desconhecidas e, ao mesmo tempo, dados científicos pulverizados. Os desafios passam por aumentar os investimentos na área para conseguirmos seguir com a pesquisa, realizando essas descobertas e, também, tendo um monitoramento anual dos insetos para, assim, auxiliar em tomadas de decisão, com vistas à conservação das espécies.”

Os insetos desempenham um papel fundamental na produção de alimentos e na preservação de nosso ecossistema.

Os insetos quebram as estruturas biológicas, o que acelera o processo de decomposição. Isso ajuda a reabastecer o solo. Eles também fornecem alimentos para pássaros, morcegos e pequenos mamíferos.

Além de ser uma valiosa fonte de alimento para outras espécies e servir aos ecossistemas pela reciclagem, os insetos fornecem outro serviço vital: a polinização, que é essencial para a produção de alimentos.

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