O Hanson foi uma das maiores bandas de pop rock do mundo entre 1997 e 2000. Em menos de cinco anos, o trio de irmãos vendeu mais de 15 milhões de CDs. Mas foram só dois discos nesse esquema de banda gigante. Desde 2004, eles são independentes e seguem produzindo álbuns… e filhos.
Isaac, o mais velho, tem três filhos. Zac, o caçula, tem cinco. E Taylor tem sete filhos. Com 15 crianças Hanson, é de se esperar que a filharada impacte na vida e carreira da banda, que faz sete shows no Brasil a partir desta terça-feira (11).
“Acho que continuou a me dar uma perspectiva e um significado mais profundos. Isso faz com que você cresça, faz com que você veja que o mundo não é sobre você. É sobre os outros. É sobre servir, ser pai, sabe?”, diz Taylor ao g1 (veja entrevista no vídeo acima).
Na série “Quando eu hitei”, artistas do pop relembram como foi o auge e contam como estão agora. São nomes que você talvez não se lembre, mas quando ouve a música pensa “aaaah, isso tocou muito”. Leia mais textos da série e veja vídeos ao final desta reportagem.
Taylor Hanson e a esposa Natalie com cinco dos sete filhos do casal — Foto: Divulgação/Facebook do cantor
O Hanson já foi uma banda com músicas em trilhas de novela, como “Save Me”, tema do casal Camila e Edu em “Laços de Família”, em 2000. O trio tinha clipes na MTV de hits como “MMMBop” e fazia shows em estádios. A partir de 2004, viraram independentes. Até a sonoridade ficou um pouco menos pop e passaram a explorar outros estilos, como blues e country.
“Eu fico lisonjeado com essa análise”, responde Taylor. “Eu vejo que você fez sua pesquisa, você prestou atenção, sabe? Nós saímos e começamos nossa própria gravadora no terceiro álbum. E foi a decisão que sentimos que precisávamos tomar, não era sobre mudar quem éramos como banda, mas correspondia a uma evolução, porque você evolui musicalmente, mas é um reflexo de se manter fiel ao motivo pelo qual começamos.”
Taylor Hanson, vocalista e tecladista do Hanson, em 1997 e em 2022 — Foto: Divulgação/Facebook da banda
A primeira vinda ao Brasil foi para divulgar o segundo álbum, justamente o disco que tinha “Save me”. “Esse álbum ‘This Time Around’ já foi lançado num declínio da indústria, porque as gravadoras estavam todas se fundindo, não eram as mesmas pessoas por lá…”, recorda.
“A gente era essa banda que teve muito sucesso. Então, ninguém queria nos deixar sair, mas a gravadora não sabia mesmo o que fazer. Eles não sabiam como lidar com o desenvolvimento de uma banda como nós, porque estávamos interessados no longo prazo e não em apenas mais um single, mas em uma carreira. Então, escolhemos esse movimento ousado de pedir para sair.”
“Penny & me”, de 2004, foi o primeiro single de “Underneath”, quando a banda deu adeus para a gravadora. Taylor diz que tudo na carreira do Hanson é “estratégico”. “Isso nos permitiu pensar em quem queremos ser daqui a 10 anos, não apenas daqui a cinco meses.”
“Podemos não estar tocando para 20 mil pessoas em todos os lugares, mas estamos tocando para milhares em lugares ao redor do mundo e são fãs de verdade.”
Mais filhos do que sucessos?
Zac, Taylor e Isaac Hanson em 1995 — Foto: Divulgação/Facebook da banda
Taylor contou que sempre ouve música com os filhos e o mais velho deles, Jordan, de 19 anos, costuma viajar com ele nas turnês desde que tinha 14.
“Você sente um senso de responsabilidade, você tem uma parceira, ainda bem que você tem uma parceria com sua esposa, alguém em que você possa se apoiar. Isso te testa, mas é incrivelmente gratificante ver as pessoas que você cria. Isso definitivamente afeta a sua música e isso te encoraja, com certeza me encoraja, a tentar ser o seu melhor.”
Em 2011, o g1 fez uma reportagem com um infográfico mostrando que o Hanson tinha mais filhos do que sucessos. O placar era cinco hits contra 8 filhos e Taylor riu ao saber disso. Ele foi avisado de que era uma reportagem meio de brincadeira e falou deste placar:
“Bem, não posso mais ter filhos. Então, eu acho que isso significa que precisamos de mais hits.”
Em carreira solo, mas juntos
Zac, Taylor e Isaac Hanson em 2022 — Foto: Divulgação
Lançado em maio, “Red Green Blue” é o oitavo álbum do Hanson e é quase como se fossem três projetos solo. “Basicamente, essa ideia de enfatizar três vozes únicas parecia o único projeto que tínhamos consenso para fazer.”
São três partes com cinco músicas cada. Juntas, elas formam um disco. A parte do Taylor é “Red”, a parte do Isaac é “Green” e a do Zac é “Blue”. As cinco músicas do Taylor, as canções da parte vermelha do álbum, são todas sobre términos de relação.
“Child at heart” é sobre manter a esperança mesmo quando tudo está dando errado na sua vida. Taylor canta que a gente tem que sempre ter um coração de criança. Sempre cercado por crianças, ele sabe bem do que está falando. “Eu tenho conversas muito pessoais com meus filhos, que eu vi crescendo.”
Hanson em fotos de álbuns de Natal lançados em 1997 e 2017 — Foto: Reprodução
“O meu mais velho tem 19 e vê-lo se esforçar para crescer e se tornar um jovem e então lembro das coisas que eu experimentei e das amizades que eu tive. Eu senti que essa música era uma música tão natural… Era quase uma coisa que você está dizendo para si mesmo”, diz, ainda sobre “Child of heart”.
“E você também está tentando imaginar ter aquela conversa cara a cara com alguém que você gosta que diga: ‘Ei, apenas respire’. Tudo ficará bem. Você vai sair disso e não se esqueça de amar e entregar seu coração como se fosse uma criança. Não jogue fora esse espírito infantil.”
Para todo mundo, o Hanson é uma coisa só. Mesmo que seja natural pensar assim, Taylor tentou explicar o estilo de cada um deles:
“Minhas influências tendem a ser um pouco mais rítmicas e meio que vêm mais do lado gospel, do lado da Motown. Eu gosto de colocar metáfora em tudo, sou um pouco menos folk, sabe? Sou menos ‘isso aqui é o que eu estou sentindo hoje’.”
Taylor Hanson durante ensaio da banda — Foto: Reprodução/Facebook do artista
Para ele, Isaac é “direto” e cria músicas “com um sentimento country”. “São muito tradicionais. São um pouco mais envolventes de uma maneira diferente, não tão em camadas… não é tão o tipo de produção com sinos e assobios, mas soa orgânico.”
Zach, por sua vez, é descrito como “um criador visceral”. “Ele gosta de se fazer tudo rapidamente. Ele tem uma visão muito clara das coisas e ele não gosta de ‘cozinhar’ demais. E nós crescemos admirando compositores… Quero dizer, quando surgimos, eu tinha 14 anos, Zac tinha 12 e Isaac tinha 15. Então, nós percorremos um longo caminho desde então.”
“Mas até naquela época nós não estávamos nisso pela fama e nós éramos estudantes de música, compositores, artesãos como eram nossos heróis e então nós vivemos procurando maneiras de impulsionar nosso interesse pelo que estamos fazendo. Quero dizer, se ninguém mais gosta, pelo menos você gostou. Essa sempre foi a teoria.”
- 11 de outubro – Bourbon Country – Porto Alegre
- 12 de outubro – Live Curitiba – Curitiba
- 14 de outubro – Arena Eurobike – Ribeirão Preto
- 15 de outubro – Espaço das Américas – São Paulo
- 16 de outubro – Arena Sabiazinho – Uberlândia
- 19 de outubro – Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília
- 21 de outubro – Qualistage – Rio