O que se sabe sobre o brasileiro que desapareceu nos Alpes suíços | São Paulo

Um brasileiro de 35 anos está desaparecido nos Alpes suíços há quase uma semana. Henrique Cortez Pires de Campos passa férias no país desde o começo do mês e sumiu na região de Lauterbrunnen, vilarejo no cantão de Berna conhecido por receber praticantes de esportes radicais.

O esportista sumiu após sair sozinho para fazer uma trilha conhecida por ser de alto risco, que envolve a travessia de fendas sobre geleiras.

Ele informou à pousada onde estava hospedado que iria passar duas noites fora para fazer uma rota a pé em direção a um dos picos mais populares entre praticantes de base jump — na região, há uma formação rochosa apelidada de “o buraco”.

Henrique é praticante dessa modalidade de esporte radical que consiste em pular de grandes alturas com um traje especial, que permite planar no ar. O salto pode ser de prédios, antenas, pontes, montanhas ou penhascos e exige do esportista destreza para saber o momento e posição certa para pular, levando em consideração riscos como a velocidade do vento e obstáculos no caminho.

O brasileiro era considerado praticante experiente do esporte e já havia visitado a região de Lauterbrunnen outras vezes. A proprietária do estabelecimento onde ele se hospedou disse à BBC News Brasil que se recorda de outras visitas.

“Sim, ele já esteve hospedado conosco antes umas três ou quatro vezes” afirmou Elsbeth von Allmen-Müller, da pousada Gästehaus im Rohr. “Recebemos bastante brasileiros e gostamos muito deles, as turmas de viajantes costumam vir no verão [do Hemisfério Norte], em julho e agosto”.

A região suíça de Lauterbrunnen, que atrai fãs de esportes radicais. — Foto: GETTY IMAGES

De acordo com ela, o brasileiro já havia passado pela pousada nesta temporada e era conhecido e querido por outros praticantes de base jump. A Suíça é muito popular entre os esportistas que gostam de saltar de penhascos e montanhas por conta dos inúmeros picos rochosos dos Alpes.

A formação rochosa famosa na região é considerada perigosa e apresenta como desafio pular de um pico mais alto e, planando com destreza, atravessar durante o voo a estreita fenda entre duas rochas.

“Ele me prometeu que não iria tentar pular, disse que queria apenas caminhar até lá para ver como era”, contou Elsbeth. Segundo ela, o plano de Henrique era sair da pousada e seguir por uma longa trilha que levava do vilarejo à formação rochosa.

Estima-se que ele deixou a pousada na quarta-feira (21/09) por volta das 7h da manhã. No caminho ele pernoitaria em chalés rústicos mais próximos ao topo. Deveria estar de volta depois de duas noites.

Na véspera da partida, na terça-feira à noite, ele chegou a comprar mantimentos para a caminhada no mercadinho local, conforme revelam registros do cartão de crédito dele. A polícia está tentando quebrar o sigilo do celular do brasileiro para obter a última localização do aparelho.

“Ele disse que voltaria na sexta-feira, mas como não apareceu, ficamos preocupados e alertamos as autoridades locais”, conta Elsbeth.

Buscas começaram a ser feitas em solo na sexta-feira e, no sábado (24/09), foram realizados voos sobre a região da trilha na montanha de Stechelberg. As buscas por terra, porém, não puderam ser completadas efetivamente, porque parte do trajeto é sobre uma geleira e só pode ser atravessado com bom tempo.

Por e-mail, a polícia do cantão de Berna, onde fica Lauterbrunnen, informou à BBC News Brasil que as buscas prosseguirão. Até o momento não foram encontrados vestígios como equipamentos de alpinismo deixados pelo caminho.

Com início do outono, a tendência é de que o frio venha a piorar nas próximas semanas e o mau tempo se intensifique mais ainda. Um socorrista explicou que as buscas foram dificultadas pela queda de neve no topo da montanha.

Entre 2000 e 2020, 60 pessoas morreram praticando base jump no vale de Lauterbrunnen, de acordo com o site Swiss Info.

Até o momento da publicação desta reportagem, o Itamaraty não informou se há oficialmente esforços em andamento sobre o caso.

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