Lula diz manter ideia de recriar Ministério da Segurança Pública, mas que é preciso primeiro 'consertar' pasta da Justiça


Presidente eleito deu declaração na qual anunciou 5 ministros do futuro governo, entre os quais Flávio Dino (Justiça). Na campanha, Lula prometeu recriar pasta da Segurança Pública. Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista coletiva no CCBB em Brasília, onde atua equipe de transição
Reprodução
O presidente eleito Lula (PT) afirmou nesta sexta-feira (9) que ainda tem a ideia de recriar o Ministério da Segurança Pública, mas que é preciso, primeiro, “consertar” o funcionamento do Ministério da Justiça.
Lula deu a declaração ao conceder uma entrevista coletiva na qual anunciou os nomes de cinco ministros do futuro governo, entre os quais Flávio Dino (Justiça) — leia detalhes mais abaixo.
Durante a campanha deste ano, Lula disse que, se eleito, iria recriar o Ministério da Segurança Pública. A pasta foi criada no governo Michel Temer (2016-2018), mas acabou fundida ao Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (2019-2022).
“Nós temos o interesse de criar o Ministério da Segurança Pública, mas a gente não pode fazer as coisas de forma atabalhoada. O companheiro Flávio Dino tem a missão, primeiro, de consertar o funcionamento do Ministério da Justiça, de consertar o funcionamento da Polícia Federal”, afirmou Lula.
“Nós queremos que as carreiras de Estado sejam carreiras de Estado. Não queremos que policiais fiquem dando shows nas investigações antes de investigar. Queremos que as pessoas tratem com seriedade as investigações. Nós sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária. Então, nós vamos primeiro arrumar a casa e depois vamos começar a trabalhar a necessidade de criar o Ministério da Segurança Pública”, acrescentou o presidente eleito.
Na mesma entrevista, Lula disse, entre outros pontos, que:
As Forças Armadas devem proteger o povo e ‘não fazer política’
A imprensa será tratada com ‘decência’ no futuro governo
Acredita na aprovação da PEC da Transição na Câmara
Sem ‘pirotecnia’ na área de segurança
Durante a entrevista, Lula também disse que não haverá no futuro governo “pirotecnia” na área de segurança.
Quando era investigado pela Lava Jato, Lula costumava chamar de “pirotecnia” algumas operações, como a condução coercitiva na qual ele foi levado pela Polícia Federal a prestar depoimento.
“A questão da segurança será uma das coisas que nós vamos tratar com muito cuidado porque nós não podemos errar. A gente não pode fazer da segurança pública uma pirotecnia, a gente está cansado de ver dezenas de pessoas serem vítima de ações policiais sem nenhuma explicação”, afirmou.
Lula voltou a dizer, como fez na campanha, que a violência nas periferias e nas favelas não é questão de polícia, mas, sim ausência do Estado, com políticas públicas voltadas para a comunidade.
O presidente eleito também aproveitou a entrevista coletiva pra dizer que, à frente do Ministério da Justiça, Dino terá de “consertar” o funcionamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O atual diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é investigado pela Polícia Federal. Silvinei, por exemplo, pediu voto para Bolsonaro nas redes sociais e determinou à PRF que parasse ônibus de eleitores no dia da votação mesmo com ordem judicial.
“Durante o processo eleitoral, [a PRF] virou uma polícia cabo eleitoral de um candidato”, declarou Lula.
Flávio Dino, futuro ministro da Justiça
WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
Armamentismo
Após o anúncio de Lula, Flavio Dino concedeu uma entrevista coletiva e disse que o armamentismo é “negativo” pois “propicia crimes de ódio e violência”.
Durante o período à frente do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro adotou uma série de medidas para facilitar o acesso da população a armas e munições. O objetivo da equipe de transição é revogar essas medidas quando Lula tomar posse.
“É uma questão central para você ter uma cultura da paz. O armamentismo é negativo na medida em que propicia crimes de ódio e violência nos lares, escolas. Essa é a mensagem do presidente Lula. Claro que temos a lei. A lei possibilita o controle responsável do uso de armas. Todas as pessoas serão desarmadas? Não. Todos os clubes de tiro estarão fechados? Também não. O que o presidente Lula determinou é o fim dos abusos, o fim do ‘liberou geral'”, afirmou Dino.
Lula anuncia Haddad, Rui Costa, José Múcio e Flavio Dino como ministros
Anúncio dos ministros
Durante a entrevista coletiva, Lula anunciou os seguintes ministros do futuro governo:
Fazenda: Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação;
Casa Civil: Rui Costa, governador da Bahia;
Defesa: José Múcio Monteiro, ex-deputado e ex-ministro do Tribunal de Contas da União;
Justiça: Flávio Dino, ex-governador do Maranhão e senador eleito;
Relações Exteriores: Mauro Vieira, diplomata e ex-chanceler.
O anúncio aconteceu no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde atua a equipe de transição de governo.
No anúncio, Lula disse que, embora não tenha anunciado mulheres nem negros neste momento, o ministério terá mulheres e negros.

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