YouTube retira do ar live em que Bolsonaro afirma que ‘pintou um clima’ em visita a meninas venezuelanas | Eleições 2022

O YouTube retirou do ar, neste domingo (16), a entrevista do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) a um podcast comandado por canais esportivos em que ele fala que “pintou um clima” durante a visita a um grupo de meninas venezuelanas no Distrito Federal.

Segundo o YouTube, o motivo para a remoção foi a violação de políticas de conteúdo ligadas à Covid-19.

Nessa mesma entrevista, Bolsonaro fez afirmações infundadas sobre o impacto da doença em crianças. Segundo ele, as crianças não sofrem com o vírus e não houve registros de mortes envolvendo esse público.

“A molecada não sofre com vírus. Você não viu moleque morrendo de vírus por aí. O que aconteceu: o moleque teve traumatismo craniano, caiu de bicicleta. Botavam em um leito UTI Covid, porque ele recebia por dia meu R$ 2 mil. Botou lá, se o cara morreu de traumatismo, tinha que botar Covid”, disse.

Apesar da fala de Bolsonaro, a Covid-19 matou 539 crianças de 6 meses até 3 anos entre 2020 e 2021. Em uma década, foram registradas apenas 144 mortes em razão de outras doenças letais preveníveis por vacinas nesta mesma faixa etária.

Em nota, o YouTube afirmou que “todos os conteúdos” na plataforma “devem estar de acordo com nossas Diretrizes de Comunidade, que não permitem, por exemplo, informações incorretas sobre a Covid-19”.

“Confirmamos a remoção do vídeo “BATE-BOLA COM O PRESIDENTE! ENTREVISTA EXCLUSIVA DE JAIR MESSIAS BOLSONARO COM YOUTUBERS DE CLUBES!” do canal Paparazzo Rubro-Negro por violar essas regras, especificamente por conter declarações de que grupos específicos de pessoas não morreram ou ficaram doentes por causa da Covid-19″, diz a nota.

A plataforma afirmou ainda que “reuploads do mesmo conteúdo também serão removidos” e que já removeu “mais de um milhão de vídeos que promoviam informações médicas incorretas sobre a Covid-19”.

A entrevista ao podcast foi publicada na sexta-feira (14) e gerou repercussão nas redes sociais em razão da declaração dele sobre as venezuelanas. Na live (veja no vídeo abaixo), Bolsonaro contou como foi o encontro com as meninas:

“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou.

Fala de Bolsonaro sobre meninas venezuelanas repercute nas redes sociais

Na madrugada deste domingo, Bolsonaro fez uma live em suas redes sociais para se defender. Ele disse que as declarações sobre o encontro com as meninas foram deturpadas.

Em um evento de campanha em Sergipe neste domingo, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também comentou o caso e afirmou que Bolsonaro tem “mania” de falar “se pintar um clima”.

“Ele tem uma mania de falar. Em tudo ele fala ‘se pintar um clima’. ‘Vamos lá, Bolsonaro, jogar?’ .’Se pintar um clima, eu jogo com vocês’”, disse Michelle.

Bolsonaro também postou em suas redes sociais um vídeo com a transmissão ao vivo que, segundo ele, se trata da visita feita na casa em que estavam as venezuelanas.

Trechos da “live” foram compartilhados por Bolsonaro e pelo filho Carlos no Twitter neste domingo (16). Embora o vídeo seja de 10 de abril de 2021, o presidente afirma na postagem que é de 2020.

Ao longo dos 22 minutos da transmissão da visita, Bolsonaro não falou em prostituição. O presidente criticou o isolamento social decorrente da pandemia, perguntou sobre as condições de vida e atacou governadores e a ditadura venezuelana.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado Federal, disse sentir “nojo” e “revolta” e afirmou que ficou “mais chocado com o que ele [Bolsonaro] é e o que representa”.

A cantora Daniela Mercury classificou a situação como “absurda” e questionou o que Bolsonaro quis dizer com a expressão “pintou um clima”. “Ele é presidente da República e tinha a obrigação de defender as adolescentes contra qualquer tipo de exploração, ou crime”, afirmou.

Rosângela Silva, conhecida como Janja, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa o segundo turno com Bolsonaro nas eleições presidenciais deste ano, disse que “ouvir o ‘presidente’ falando que ‘pintou um clima’ com meninas de 14 anos” causa “revolta e indignação”.

“Trabalhei durante anos no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes na Tríplice Fronteira e ouvir o “Presidente” falando que “pintou um clima” com meninas de 14 anos me causa tanta revolta e indignação que nem consigo descrever aqui”, afirmou Janja.

O vereador pelo Rio Carlos Bolsonaro, um dos filhos de Bolsonaro, publicou em suas redes sociais que “estava neste dia” e que o presidente saiu para “ouvir as necessidades do povo”.

“Estava nesse dia! Inacreditável o caráter desses da esquerda nojenta. O Presidente sai às ruas para ouvir as necessidades do povo enquanto o pessoal do “fique em casa” o fuzilava, faz uma live mostrando a realidade sofrida do povo e mesmo assim há quem insista na fakenews boçal!”, afirmou.

O senador Flávio Bolsonaro, outro filho do presidente, afirmou, em suas redes sociais, que Bolsonaro “sempre foi um ferrenho combatente da pedofilia”.

“Completamente abominável a mais nova mentira da esquerda! Pegou uma fala mal colocada do presidente para lhe imputar uma fake news nojenta! Um pai com uma filha e duas netas! Bolsonaro sempre foi um ferrenho combatente da pedofilia”, escreveu o senador.

Durante a entrevista, o candidato do PL à reeleição disse também que entregou “uma parte do poder” ao conjunto de partidos de centro e centro-direita, conhecido como Centrão.

“Centrão veio para nosso lado e você não tem notícia de eu ter entregue diretorias, bancos estatais para eles. Uma parte do poder entreguei, segundo escalão, entregamos e botamos pessoas para vigiar”, afirmou.

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