O cardeal Sepe não retornou e-mails e telefonemas na quinta-feira.
A renúncia do bispo Belo coincidiu com a explosão do escândalo de abuso sexual clerical nos Estados Unidos. Embora o Vaticano tenha começado a se concentrar e revisar os casos de abuso por parte de padres, não fez o mesmo com muitos bispos, uma posição mais poderosa na hierarquia da Igreja. Eles geralmente não eram responsabilizados até 2019, quando o Papa Francisco introduziu uma lei exigindo que as acusações de abuso sexual contra bispos fossem denunciadas e investigadas internamente.
O Vaticano recusou-se a comentar se sabia das acusações contra o bispo Belo quando renunciou em 2002 ou quando posteriormente o enviou a Moçambique, ou se alertou as autoridades locais em Portugal ou Timor Leste em 2019, quando diz as acusações foram trazidos ao seu conhecimento.
A Rádio Renascença, uma emissora privada parcialmente apoiada pela igreja portuguesa, informou na quinta-feira que entrou em contato com o bispo Belo, que acredita-se estar morando em Portugal, mas não obteve resposta.
Uma filial portuguesa da ordem salesiana, à qual pertencia Dom Belo, acolheu-o a pedido dos superiores depois de sua saída de Timor Leste em 2002, segundo um comunicado publicado em seu site quinta-feira. Os salesianos disseram que ele não teve “nenhum cargo ou responsabilidade educacional ou pastoral” com o grupo no país.
“Foi com profunda tristeza e perplexidade”, disse o comunicado, que eles souberam “o que foi relatado sobre a suspeita de abuso sexual de menores” pelo bispo Belo, acrescentando que não tinham mais uma relação próxima com ele.
Ainda em maio, ele celebrou o 20º aniversário da independência de Timor Leste e fez um discurso, segundo um artigo no site dos Salesianos.
A notícia das alegações, e o seu reconhecimento pelo Vaticano, já tinham começado a espalhar-se por Timor-Leste na quinta-feira.