...

União Africana Desafia Distorção Histórica: Mapa de Mercator Sob Ataque por Diminuir Continente

A União Africana (UA) uniu forças a uma crescente onda de críticas contra o mapa de Mercator, uma projeção cartográfica do século XVI que distorce significativamente o tamanho dos continentes. A iniciativa, que ganha força globalmente, busca promover o uso de representações mais precisas, que reflitam as reais proporções dos territórios e corrijam percepções históricas eurocêntricas.

A Distorção Cartográfica e suas Implicações

Criado por Gerardus Mercator, o mapa, originalmente concebido para auxiliar na navegação marítima, sacrifica a precisão das áreas em favor da manutenção dos ângulos. Essa escolha metodológica leva a uma representação inflacionada de regiões próximas aos polos, como a América do Norte e a Groenlândia, enquanto subestima drasticamente o tamanho da África e da América do Sul. A distorção não é apenas uma questão de imprecisão geográfica; ela carrega consigo implicações profundas para a forma como percebemos e entendemos o mundo.

África no Mundo: Desmistificando o Tamanho Real

Selma Malika Haddadi, vice-presidente da Comissão da União Africana, ressaltou a importância da campanha “Corrija o Mapa”, destacando que o mapa de Mercator contribui para uma visão equivocada da África como um continente “marginal”. Em declarações à Reuters, Haddadi enfatizou que a África é o segundo maior continente do mundo em área, abrigando mais de um bilhão de pessoas e desempenhando um papel central na história e na economia global. A adoção de mapas mais precisos é vista como um passo crucial para desafiar narrativas preexistentes e promover uma compreensão mais equitativa do mundo.

O Eurocentrismo Cartográfico e o Legado Colonial

A persistência do mapa de Mercator, mesmo diante de alternativas mais precisas, reflete um viés eurocêntrico enraizado na história da cartografia. A projeção, que coloca a Europa no centro do mundo e exalta o tamanho dos países do Norte Global, perpetua uma visão de mundo que beneficia as antigas potências coloniais. Ao questionar essa representação, a União Africana não está apenas buscando corrigir uma imprecisão técnica, mas também desafiando um legado de desigualdade e dominação.

Além do Mapa: A Luta por Justiça e Reconhecimento

A iniciativa da União Africana transcende a mera correção de um mapa. Ela se insere em um movimento mais amplo de descolonização do pensamento e de valorização das perspectivas africanas. Ao reivindicar uma representação mais justa do continente, a UA está defendendo o direito da África de contar sua própria história e de ocupar o lugar que lhe é devido no cenário global. A mudança de mapa é, portanto, um símbolo da luta por justiça, igualdade e reconhecimento.

Um Futuro Cartográfico Mais Equitativo

A crescente adesão à campanha “Corrija o Mapa” sinaliza uma mudança de paradigma na cartografia. Governos, organizações internacionais e instituições de ensino estão gradualmente adotando projeções mais precisas, como a de Gall-Peters, que preserva as áreas dos continentes com maior fidelidade. A transição para um futuro cartográfico mais equitativo não será imediata, mas a iniciativa da União Africana representa um passo fundamental na direção certa. Ao desafiar a distorção histórica do mapa de Mercator, a UA está abrindo caminho para um mundo onde todas as culturas e regiões sejam representadas com justiça e respeito.

A reivindicação da União Africana é um lembrete poderoso de que os mapas não são apenas representações neutras da realidade, mas sim construções sociais que moldam nossa percepção do mundo. Ao desafiar a persistência de um mapa que diminui seu tamanho e importância, a UA está lutando por uma representação mais justa e equitativa de si mesma e do continente africano no cenário global.

Compartilhe:

Descubra mais sobre MicroGmx

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading