Em uma tarde recente no gurudwara e seus terrenos, alguns homens esparramados em charpoys, camas feitas de cordas, sob uma árvore de ameixeira. Outros sentaram-se em um recinto ao ar livre no complexo, onde rezaram, ouviram canções punjabi e discutiram seus problemas pessoais, animados por intermináveis rodadas de chai.
“Viemos aqui por causa da nossa solidão”, disse Baldev Singh, 74, um homem frágil que se aposentou como sargento do exército indiano. “Ninguém ouve o velho na casa”, acrescentou Singh. “Hoje em dia, os meninos ganham uma motocicleta e um telefone celular assim que crescem. Íamos para a escola de cueca!”
Em uma área de lavagem com uma fileira de pias, mulheres mais velhas se revezavam esfregando pratos de aço, colheres e uma panela gigante como parte do “seva”, ou serviço altruísta, um princípio do sikhismo que busca promover a unidade e o amor entre todos.
“Se eu não vier aqui, não consigo digerir meu rotis”, disse Lakhwinder Kaur, 72, que realiza um ritual diário de serviço no gurudwara. “Trabalhamos, conversamos e rezamos”, disse ela, enquanto saboreava uma colherada de arroz doce no intervalo. “O que mais nós precisamos?”
Há aproximadamente o mesmo número de homens e mulheres no gurudwara, mas eles tendem a se reunir separadamente e aderir aos papéis tradicionais de gênero, com as mulheres assumindo tarefas de cozinha e limpeza enquanto os homens conversam sobre o chai. Mas ambos encontraram um senso de comunidade.
Para Jasbeer Kaur, 70, que é voluntária no gurudwara há quatro décadas, e outras mulheres de seu grupo, seus papéis eram claros. “Eu digo a eles: ‘Peguem o nome do deus e contribuam com serviço’, não com fofocas”, disse ela.
Perto dali, um grupo de mulheres discutia sobre seus filhos e noras em vozes abafadas dentro do salão de treliça do gurudwara, alguns deitados no chão acarpetado. “Eles dizem: ‘O que você sabe? Você está tão velho’”, Ninder Kaur, 62, uma viúva, explicou.
