No mundo dinâmico e muitas vezes implacável das startups e investimentos, o foco predominante reside invariavelmente no sucesso, no crescimento exponencial e nos retornos financeiros astronômicos. É natural que empreendedores e investidores projetem cenários otimistas, pintando quadros vívidos de um futuro próspero. No entanto, em meio a essa exuberância, uma questão crucial, embora raramente abordada, permanece: o que acontece quando as coisas não saem como planejado? Qual é a nossa responsabilidade quando o castelo de cartas desmorona e as promessas se desfazem?

A história compartilhada por Boris, no The Next Web (https://thenextweb.com/news/tnw-boris-signs-out), ilustra uma perspectiva singular e refrescante sobre essa questão. Ao invés de apenas apresentar um discurso otimista e repleto de projeções de sucesso, ele ousou abordar o cenário adverso, o plano B que muitos evitam mencionar. A sua promessa de um “magnífico jantar de despedida” para os investidores, caso o negócio não prosperasse, não era apenas uma demonstração de honestidade, mas também um reconhecimento da importância de assumir a responsabilidade, mesmo no fracasso.

Essa atitude, como revelado pelo investidor, foi um fator determinante para o aporte de capital. Em um ambiente onde a confiança é um bem precioso e a incerteza paira como uma sombra constante, a capacidade de um empreendedor de reconhecer a possibilidade de falha e de se comprometer com uma saída digna demonstra maturidade, integridade e uma visão realista do negócio. É um sinal de que o empreendedor não está apenas focado no sucesso a qualquer custo, mas também preocupado em minimizar o impacto negativo sobre aqueles que acreditaram e investiram em sua visão.

A promessa de um jantar de despedida, embora possa parecer um gesto trivial à primeira vista, carrega um simbolismo profundo. É um reconhecimento do esforço, do tempo e do capital investidos pelos outros. É uma forma de expressar gratidão pela confiança depositada, mesmo que o resultado final não tenha sido o esperado. É uma maneira de transformar um fracasso financeiro em uma experiência humana, de fortalecer laços e de preservar a reputação, mesmo diante da adversidade.

Em um mundo onde o sucesso é frequentemente medido em termos puramente financeiros, a história de Boris nos lembra que existem outros valores importantes a serem considerados. A honestidade, a responsabilidade, a gratidão e a dignidade são qualidades que transcendem o balanço patrimonial e que contribuem para a construção de um ecossistema de negócios mais ético e sustentável. Um “adeus” honroso pode ser tão valioso quanto um retorno financeiro substancial, pois ele preserva a integridade, fortalece relacionamentos e abre portas para futuras oportunidades.

Portanto, da próxima vez que você estiver buscando investimento para sua startup ou avaliando um novo empreendimento, lembre-se da lição de Boris. Não se concentre apenas no potencial de sucesso, mas também considere o que acontecerá se as coisas não saírem como planejado. Tenha um plano para o fracasso, um plano que demonstre responsabilidade, gratidão e respeito por aqueles que acreditaram em você. E, se chegar a hora de dizer adeus, faça-o com dignidade e elegância. Um brinde ao fim, um brinde à ética no mundo dos negócios.