A União Europeia (UE) afirmou nesta quarta-feira (28) que os chamados referendos de anexação organizados por Moscou em regiões ucranianas ocupadas pela Rússia são ilegais e que não vai reconhecê-los.
“Trata-se de uma nova violação à soberania e à integridade territorial da Ucrânia, no contexto de violações sistemáticas dos direitos humanos”, afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, em mensagem no Twitter.
“Nós saudamos a coragem dos ucranianos que continuam a se opor e a resistir à invasão russa”, acrescentou, dizendo ainda que a UE condena “a organização de ‘referendos’ ilegais e seus resultados falsos”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a UE não reconhece nem os “referendos” nem os resultados. O bloco europeu já havia afirmado que vai impor sanções àqueles que organizaram as votações. O governo do Canadá também afirmou que imporá novas sanções, assim como o Reino Unido.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, reforçou que Berlim não aceitará o resultado dos referendos e que vai continuar apoiando a Ucrânia.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, no final de fevereiro, a União Europeia já impôs seis rodadas de sanções a autoridades, empresas e cidadãos russos, bem como um embargo a grande parte das exportações de petróleo e carvão da Rússia.
Local de votação de referendo de anexação da Rússia em Donetsk — Foto: REUTERS/Alexander Ermochenko
As autoridades pró-Rússia nas regiões ucranianas de Zaporizhzhia, Kherson, Luhansk e Donetsk reivindicaram na terça-feira uma vitória do “sim” à anexação pela Rússia.
De acordo com autoridades eleitorais instaladas pela Rússia nas quatro regiões, 93% dos cidadãos de Zaporizhzhia votaram a favor da anexação à Rússia, após a contagem de 100% dos boletins de voto.
Na região de Kherson, as autoridades pró-Rússia divulgaram que 87% dos eleitores votaram a favor do “sim” à anexação, tendo sido também contados todos os votos.
Pouco depois, as autoridades em Luhansk também anunciaram a vitória do “sim”, com 98%, e na quarta região ucraniana, Donetsk, o resultado divulgado foi de 99% de aprovação.
Em 2014, a Rússia já tinha usado o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.
O governo da Ucrânia apelou aos países ocidentais que elevem sua ajuda militar ao país, que foi invadido pela Rússia no final de fevereiro, e que imponham novas sanções a autoridades russas.
Também o governo ucraniano declarou que os chamados referendos não têm qualquer valor e que não irá reconhecê-los.
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