Controle de Soledar significaria vitória militar simbólica para Rússia após reveses sofridos desde setembro. Segundo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cenário na cidade é de destruição. Pessoas em uniforme que reivindicam ser membros do grupo paramilitar Wagner, posam para foto ao lado do chefe do grupo, Evgeni Prigojine, em um local que poderia ser uma mina de sal em Soledar, em 10 de janeiro de 2023
CONCORD PRESS SERVICE/REUTERS
A cidade ucraniana de Soledar (leste) continua sendo cenário de “intensos combates” entre as forças russas e ucranianas, informaram os dois lados nesta quarta-feira (11), poucas horas após o grupo paramilitar Wagner anunciar ter assumido o controle dessa pequena localidade, totalmente devastada pela guerra.
“Tudo o que acontece em Bakhmut ou Soledar faz parte das cenas mais sangrentas desta guerra”, disse à AFP Mikhailo Podoliak, conselheiro da presidência ucraniana.
Soledar, conhecida por suas minas de sal, tem sido alvo de uma ofensiva russa há semanas. A cidade, que antes do conflito tinha cerca de 10.000 habitantes, fica perto de Bakhmut, que os russos tentam conquistar há meses.
O controle de Soledar significaria uma vitória militar simbólica para Moscou, após vários reveses das tropas russas no terreno desde setembro.
“Estão sendo travados intensos combates em Soledar”, afirmou a vice-ministra ucraniana da Defesa, Ganna Maliar, pelo Twitter. Os russos tentaram “romper a defesa” ucraniana e “capturar completamente a cidade, mas sem sucesso”, acrescentou.
O ministério da Defesa russo informou, em nota, que suas tropas aerotransportadas “bloquearam as zonas norte e sul de Soledar”. “As forças russas estão atacando os redutos inimigos. Forças de assalto estão lutando na cidade”, destacou.
Segundo Podoliak, as perdas militares russas são “enormes” e “o exército ucraniano também está perdendo efetivos”.
Uma pessoa caminha entre edifícios com marcas de bombardeios, em Soledar, Donetsk, Ucrânia, em 21 de dezembro de 2022
AP – Libkos
Prudência
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na segunda-feira que “tudo está completamente destruído” em Soledar e que a cidade “está coberta de corpos dos invasores e aterrorizada pelas explosões”.
O governo russo se mostrou prudente sobre a situação no terreno. “Não é preciso ter pressa. Esperemos as declarações oficiais”, disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acrescentando que havia “uma dinâmica positiva no avanço” das forças russas.
O chefe do grupo militar russo Wagner, Yevgueny Prigozhin, tinha reivindicado anteriormente o controle da cidade, embora tenha admitido que os combates continuam no terreno.
A agência estatal russa RIA Novosti publicou uma foto de Prigozhin com homens armados e informou que a tinha tirado nas minas de sal.
Mas o exército ucraniano desmentiu imediatamente estas informações e assegurou que Soledar “era, é e sempre será ucraniana”.
“Não é verdade” que Prigozhin esteja no interior das minas de sal, acrescentou. Os russos “não tomaram” Soledar, reforçou um soldado ferido, com quem a AFP se encontrou enquanto era evacuado pela rodovia entre Bakhmut e Sloviansk.
Armamentos
Podoliak reiterou os pedidos aos aliados ocidentais da Ucrânia para que enviem “mais” armas e equipamentos militares.
“Só os mísseis com alcance de mais de 100 km vão nos permitir acelerar de forma significativa a desocupação dos territórios”, disse o assessor da Presidência ucraniana.
Ele assegurou que se Kiev conseguir estas armas, se absterá de atacar o território russo. “Travamos uma guerra exclusivamente defensiva”, reforçou.
A Polônia declarou que está disposta a enviar à Ucrânia 14 tanques Leopard.
Na esfera diplomática, os encarregados de direitos humanos da Rússia e da Ucrânia, Dmytro Lubinets e Tatiana Moskalkova, respectivamente, se reuniram na terça-feira, na Turquia.
Eles “abordaram uma grande diversidade de problemas humanitários e casos relacionados à assistência em direitos humanos aos cidadãos de ambos os países”, disse Lubinets nas redes sociais.
“Falou-se sobre ajuda humanitária aos cidadãos” ucranianos e russos, disse Moskalkova.
Militares ucranianos disparam uma arma antiaérea, enquanto o ataque da Rússia à Ucrânia continua, na cidade de Bakhmut, Ucrânia, 10/01/2023
REUTERS/Clodagh Kilcoyne
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