O governo da Ucrânia acusou o Brasil, entre outros sete países, de enviar observadores para dar legitimidade ao referendo que a Rússia organizou para anexar 15% do território ucraniano —o Ministério de Relações Exteriores do Brasil negou que tenha enviado um observador oficial. Entenda abaixo o que está em jogo no referendo.
Em uma nota de 24 de setembro, o governo da Ucrânia afirmou que sabe os nomes de representantes dos seguintes países que estão na região como observadores do referendo:
- Brasil;
- Belarus;
- Síria;
- Egito;
- Venezuela;
- Uruguai;
- Togo;
- África do Sul
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Governo do Brasil nega ter enviado representante
O Ministério das Relações Exteriores afirma que não há registro de representante oficial ou observador designado pelo governo brasileiro para o referendo.
O governo uruguaio também negou ter enviado um representante à região ucraniana para observar o referendo. Segundo a rede BBC, o governo uruguaio disse que um politico de oposição, Sebastian Hagobian, participa do referendo, mas de forma individual.
Desde o começo da guerra, em fevereiro, a Rússia conseguiu ocupar regiões no leste e no sul da Ucrânia.
O governo de Vladimir Putin quer anexar essas províncias, que representam cerca de 15% de todo o território da Ucrânia. Para esse fim, ele organizou um referendo em que os moradores das regiões querem fazer parte da Rússia —a votação foi denunciada como uma farsa pela Ucrânia e por países do Ocidente.
A votação começou no dia 23 de setembro e terminou no dia 27 de setembro.
A Ucrânia, que considera a votação uma farsa, afirmou na nota do dia 24 que os referendos nos territórios ocupados são ilegais e disse que nem mesmo a entrada dos observadores nos territórios é legítima.
“Apelamos aos estrangeiros: todos aqueles que se atrevem a ceder aos criminosos (os russos) tornam-se os próprios criminosos”, diz a nota do governo ucraniano.
Estado russo pode agir rapidamente
O governo e o Legislativo da Rússia podem agir rapidamente para chancelar os resultados do referendo.
A agência de notícias TASS publicou um texto na semana passada no qual se dizia que o Legislativo da Rússia poderia debater um projeto de lei sobre a incorporação de partes da Ucrânia já na quinta-feira.
Outra agência, a RIA Novosti, já disse que Putin poderia estar se preparando para fazer um discurso em uma sessão do Legislativo na sexta-feira.
O resultado pode abrir caminho para o presidente Vladimir Putin anexar as quatro áreas e, a partir daí, declarar qualquer tentativa de Kiev de recuperar o território como uma declaração de guerra. Em pronunciamento pela TV na semana passada, Putin afirmou que estava disposto a usar armas nucleares para defender a “integridade territorial” da Rússia.
Valentina Matviyenko, chefe da câmara alta do parlamento russo, disse que se os resultados da votação forem favoráveis, poderá considerar a incorporação das quatro regiões até 4 de outubro.