Além dos fatos específicos, algumas pessoas ligadas ao palácio argumentam que “A Coroa” é tão obviamente inclinada contra Charles que é fácil descartar. Como prova, eles citam o tratamento desigual de dois escândalos particularmente assustadores dos anos 1990, chamados de “Tampongate” e “Squidgygate” pela mídia britânica.
A série, disseram eles, trata do caso extraconjugal do príncipe com Camilla Parker-Bowles, de forma mais sinistra em um episódio sobre um telefonema ouvido entre Charles e Camilla, no qual ele diz a ela que gostaria de poder “viver dentro de suas calças”, talvez por sendo reencarnado como um tampão.
Mas ignora um episódio semelhante envolvendo Diana, então ainda casada, e seu amigo íntimo, James Gilbey, em que sua conversa íntima por telefone foi sub-repticiamente captada e publicada no jornal The Sun. Nele, Gilbey a chamava por um apelido instantaneamente notório, Squidgy.
Para alguns que trabalharam no palácio, a discrepância mais flagrante da temporada não envolve Charles, mas a rainha. Morgan, que escreveu a temporada atual, a medicou discurso celebrado em novembro de 1992, quando ela descreveu aquele ano como seu “annus horribilis”. Mesmo em um discurso impregnado de pesar, a rainha não fez menção aos “erros do passado”, como faz Imelda Staunton, em sua representação de Elizabeth.
Morgan, que recusou um pedido de entrevista, nunca negou ter licença com os fatos em “The Crown”. A Netflix descreve a série como “drama fictício inspirado em eventos reais”, embora tenha resistido aos apelos para colocar um aviso em cada episódio. Alguns críticos brincaram que, se Morgan levasse a sério a precisão, não teria escalado um ator bonito, como West, para o papel de Charles.
Mas não está claro, mesmo que a série fosse meticulosamente precisa, que a mídia britânica estaria disposta a re-exibir a roupa suja de um homem que é o primeiro novo monarca da Grã-Bretanha desde 1952. Charles foi amplamente elogiado por seu desempenho. desde que assumiu o trono, inclusive quando surgiram problemas no palácio na semana passada.
