No coração da exposição “O Homem que Plantava Árvores: Um Conto Imersivo”, no Museu da Natureza do Canadá, repousa um gigante adormecido: uma fatia monumental de um cedro vermelho ocidental com impressionantes 760 anos de idade. Mais do que um mero espécime botânico, esta “bolacha” de árvore, como é carinhosamente chamada, é uma cápsula do tempo, um repositório de histórias ancestrais e um elo tangível com a cultura indígena.

A extração e a preparação desta peça monumental foram, por si só, uma jornada. Imagine o desafio de fatiar uma árvore com quase oito séculos de existência, preservando cada anel de crescimento, cada cicatriz do tempo. Especialistas do museu dedicaram incontáveis horas para garantir que a integridade da madeira fosse mantida, utilizando técnicas de ponta para estabilizar e proteger a estrutura.

Cada anel desta árvore narra um capítulo da história da América do Norte. Testemunhou a ascensão e queda de impérios, as mudanças climáticas graduais e os impactos da atividade humana. Para os povos indígenas, o cedro vermelho ocidental é muito mais do que madeira; é um símbolo sagrado, um presente da natureza com múltiplos usos práticos e espirituais. Suas fibras são utilizadas na confecção de roupas, cestos e outras ferramentas essenciais para a vida cotidiana. Sua resina possui propriedades medicinais, e sua madeira resistente é utilizada na construção de casas e canoas.

A presença desta “bolacha” de cedro no museu transcende a mera exibição científica. É um convite à reflexão sobre nossa relação com a natureza e sobre a importância de honrar o conhecimento tradicional dos povos originários. Ao contemplarmos os anéis de crescimento, somos lembrados da nossa própria mortalidade e da necessidade urgente de proteger as florestas remanescentes.

Iniciativas de reflorestamento e conservação florestal, como as promovidas pela organização “Tree Canada” (https://treecanada.ca/), são cruciais para garantir que as futuras gerações também possam se maravilhar com a majestade dos cedros vermelhos ocidentais e de outras espécies arbóreas. A conscientização sobre o papel vital das florestas na regulação do clima, na conservação da água e na manutenção da biodiversidade é fundamental para reverter o cenário de desmatamento e degradação ambiental.

Ao observarmos esta fatia de cedro, somos compelidos a repensar nosso papel no planeta. Somos convidados a plantar nossas próprias árvores, a cultivar um senso de responsabilidade em relação ao meio ambiente e a aprender com a sabedoria ancestral dos povos indígenas. Que este espécime monumental sirva como um farol, guiando-nos em direção a um futuro mais sustentável e harmonioso com a natureza.