Suspeito de assassinatos de curdos em Paris é acusado de crime xenofóbico


O ataque de sexta-feira abalou a comunidade curda, que denunciou o ato como terrorista e acusou a Turquia. Manifestantes curdos entram em confronto com a polícia após tiroteio em Paris nesta sexta (23)
Reuters/Clotaire Achi
O suspeito de matar três curdos na sexta-feira (23) em Paris, que afirmou que sente ódio por estrangeiros, foi acusado formalmente e enviado à prisão nesta segunda-feira (26) para aguardar julgamento.
O homem de 69 anos de nacionalidade francesa foi acusado de assassinato e tentativa de assassinato por motivos de raça, etnia, nacionalidade e religião, assim como por adquirir e portar armas sem autorização, segundo uma fonte judicial.
Três pessoas foram mortas a tiros no centro de Paris:
Emine Kara, líder do Movimento das Mulheres Curdas na França,
o artista e refugiado político Mir Perwer e
Um outro homem de identidade não revelada
Também ficaram feridos três homens, um deles gravemente, mas não correm perigo. Cinco das seis vítimas são de nacionalidade turca, e a última, francesa.
Paris tem 2º dia seguido de confrontos entre a polícia e manifestantes curdos
Ódio patológico
Após sua detenção pouco depois dos fatos, o suposto assassino disse aos agentes de segurança que havia agido desta forma por ser “racista”. Também reconheceu que sente um “ódio pelos estrangeiros que se tornou completamente patológico”.
Ele havia sido levado no sábado para um centro psiquiátrico da polícia.
Reação da comunidade curda
O ataque de sexta-feira abalou a comunidade curda, que denunciou o ato como “terrorista” e acusou a Turquia.
Em reação ao que considera “propaganda anti-Turquia” na França, a Turquia convocou o embaixador francês em Ancara nesta segunda-feira.
“Expressamos nossa insatisfação diante da propaganda lançada pelos círculos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) contra nosso país, por parte do governo francês e de certos políticos usados como instrumentos de propaganda”, indicou uma fonte diplomática turca.
Centenas de pessoas se reuniram nesta segunda em Paris em uma caminhada em homenagem às vítimas. Pequenos altares foram montados no local onde as três vítimas morreram, com flores, velas e suas fotografias.
Um cortejo seguiu por outra rua do mesmo bairro, no qual três militantes do PKK morreram em 9 de janeiro de 2013, em um caso ainda não desvendado.
Os manifestantes gritavam “Nossos mártires não morrem” em curdo e, em francês, “Mulheres, vida, liberdade”, reivindicando “verdade e justiça”.
Motivação racista
Descrito como depressivo e suicida, o detido, um maquinista aposentado, admitiu que tinha vontade de assassinar migrantes, estrangeiros desde que foi vítima de um assalto em 2016, relatou a promotora de Paris, Laure Beccuau, em nota.
De acordo com seu relato, na sexta, ele foi primeiro até Saint-Denis, subúrbio no norte de Paris, com uma “pistola automática Colt 45” para “matar pessoas estrangeiras”, apontou a mesma fonte.
Desistiu de atacar, porque havia pouca gente e por dificuldades para recarregar a arma de fogo, o que o fez retornar para a casa de seus pais.
Em seguida, pouco antes do meio-dia, decidiu ir ao bairro onde finalmente cometeu o ataque, já que sabia da existência de um centro cultural curdo. Ao chegar lá, abriu fogo.
Já condenado em 2017 por portar armas proibidas e, em junho passado, por utilizá-las contra ladrões, foi acusado em dezembro de 2021 por violência premeditada e de caráter racista.

Fonte

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