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Sul global é a grande estrela da Bienal de Veneza; veja FOTOS das exposições


Inclusivo, evento trouxe 331 artistas, muitos deles marginalizados, outsiders, homossexuais e indígenas, que arrancaram elogios do público e da crítica. Obras indígenas ganham destaque na Bienal de Veneza em 2024

Uma Bienal de Veneza diferente, inclusiva, de 331 artistas, muitos deles marginalizados, outsiders, homossexuais, indígenas. Ou simplesmente que nunca tinham participado de uma mostra internacional.
Uma escolha que está sendo considerada por muitos (mas não por todos) como sensível e corajosa do primeiro curador geral latino-americano, o brasileiro Adriano Pedrosa, diretor do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.
Nos Jardins Públicos de Veneza estão os pavilhões de varios países. Bem localizado, o pavilhão brasileiro, presente aqui desde 1964, trouxe a artista Glicéria Tupinambá, grupo étnico do sul da Bahia no comando das instalações.
“Kapuera, somos os pássaros que andam” é o nome da obra que reúne, em uma das quatro salas, dois mantos de penas de vários pássaros que representam a ancestralidade dos povos indígenas. A aldeia Tupinambá não possuía mais nenhum manto, todos tinham sido trazidos para a Europa. Glicéria aprendeu a reproduzi-los com a ajuda dos mais velhos e também dos espíritos, diz ela. Agora esses dois mantos já podem ser cultuados.
Junto com Glicéria, os artistas Olinda Tupinambá e Ziel Karapotó mostram trabalhos que falam da violência contra as tribos indígenas, da colonização e das ameaças ao meio ambiente. E também das necessidades deles que se resumem à terra, aos tubérculos, à semente de urucum.
Outro grupo que arrancou elogios do público e da crítica foram os Huni Kuin do Acre. O coletivo Mahku fez uma pintura monumental na fachada do pavilhão central, de personagens da sua cultura, animais e de cenas cotidianas. No centro, a figura de um jacaré que para eles significa uma ponte entre o passado e o presente.
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A presença maciça de obras modernistas na Bienal de Arte Contemporânea dividiu a crítica. O curador Adriano Pedrosa defende a ideia de que trazê-las para as novas gerações, para países que não as conhecem, é uma atitude contemporânea. E muitos consideram um ato político. Entre os modernistas estão Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari. Pintores africanos, árabes e mexicanos como Frida Khalo e Diego Rivera também estão presentes.
A artista ítalo-brasileira Ana Maria Maiolino, prêmio Leão de Ouro pela carreira, defendeu a escolha de Adriano Pedrosa. Ela também expõe, pela primeira vez em Veneza, obras em argila crua. Aos 81 anos, continua com o estilo refinado e combatente que a consagrou.
Pavilhões muito visitados são o dos Estados unidos, pela primeira vez com as obras de um indígena Cherokee, o da França, finalmente representada por um artista preto, Julien Creuzet, que usa escultura, música cinema e poesia, e o da Alemanha, com imagens futuristas que fazem refletir sobre os limites do espaço e do tempo.
Os países europeus apresentaram bons trabalhos, mas foi o sul do mundo, ou sul global, a grande estrela desta 60ª Bienal de Veneza.
Veja fotos das exposições na Bienal
Indígenas mostraram trabalhos que falam da violência contra as tribos, da colonização e das ameaças ao meio ambiente
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição da Bienal de Veneza de 2024
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição da Bienal de Veneza de 2024
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição na Bienal de Veneza de 2024
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição da Bienal de Veneza de 2024
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição da Bienal de Veneza 2024
Ilze Scamparini/TV Globo
Exposição da Bienal de Veneza de 2024
Ilze Scamparini/TV Globo

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