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Stellantis, dona de Fiat e Jeep, anuncia investimento de R$ 30 bilhões no Brasil até 2030


O investimento prevê o lançamento de, pelo menos, 40 novos produtos e o desenvolvimento de tecnologias bio-hybrid, com foco na descarbonização. Detalhes serão divulgados nos próximos meses. Carlos Tavares, CEO da Stellantis, e Emanuele Cappellano, diretor de operações para América do Sul da Stellantis, em evento de lançamento do plano de investimentos da montadora no Brasil
Felipe Bastos/Colmeia Fotografia
A montadora Stellantis, dona de marcas como Fiat e Jeep, anunciou nesta quarta-feira (6) um investimento de R$ 30 bilhões em suas fábricas no Brasil entre 2025 e 2030, o maior valor já investido na indústria automobilística brasileira.
Para comparação, a Volkswagen anunciou, há um mês, um investimento de R$ 16 bilhões nas suas quatro fábricas no Brasil até 2028.
Com o investimento, serão lançados, pelo menos, 40 novos produtos, além do desenvolvimento de tecnologias de descarbonização dos veículos produzidos pela companhia.
Já está definido, porém, qual será o principal destino dos valores: o desenvolvimento de tecnologia bio-hybrid — modelo que combina a eletrificação com motores flex movidos a etanol —, apresentadas pela montadora em agosto do ano passado.
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Segundo Carlos Tavares, diretor-executivo da Stellantis, a empresa mira sobretudo clientes brasileiros de classe média, seu principal público consumidor, buscando oferecer uma “mobilidade segura, limpa e acessível”.
Ele explica que os carros 100% elétricos ainda não são o coração dos investimentos da empresa no país, uma vez que a tecnologia ainda é muito custosa para a maior parte do público.
“Qual é a tecnologia mais limpa que podemos colocar no mercado por um valor que a classe média possa pagar?”, comenta Tavares, explicando a escolha pelos carros híbridos movidos a etanol como o foco da atuação.
Segundo a Stellantis, maiores informações sobre quais plantas e quais modelos serão beneficiados devem ser anunciadas nos próximos meses.
Alinhamento com o Programa Mover
Para Carlos Tavares, o investimento bilionário no Brasil está alinhado ao Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do governo federal, instituído por meio de medida provisória (MP) em dezembro de 2023.
O programa prevê, entre outras coisas, incentivos para a produção de veículos sustentáveis e para a realização de pesquisas voltadas para as indústrias de mobilidades, visando a descarbonização.
Entre os instrumentos que o programa deve utilizar para promover seus objetivos, está o chamado “IPI Verde”, um sistema de impostos em que pagará menos quem poluir menos.
A regulamentação do Mover deve ser publicada até o fim de março, de acordo com Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Sobre a possibilidade de receber subsídios ou benefícios a partir do Programa Mover, o diretor-executivo da Stellantis disse que pediu ao governo Lula que a empresa receba apenas o mesmo que seus concorrentes, para não ficar para trás em termos de competitividade.
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Regionalização da indústria automotiva
“O mundo está passando por uma fragmentação, com uma regionalização cada vez maior. Isso está fazendo com que cada região esteja abordando a questão de uma mobilidade limpa sob seus próprios prismas”, comenta Tavares.
Assim, enquanto a Europa investe e incentiva o uso de carros 100% elétricos, a solução encontrada na América Latina, principalmente no Brasil, são os motores menos poluentes, movidos a etanol.
Tavares considera que essa regionalização não é positiva no longo prazo, apesar de ser a única alternativa no curto prazo para um avanço da descarbonização na América Latina.
O executivo pontua que, para que a classe média consiga comprar veículos elétricos, que são, em média, 30% a 40% mais caros, é necessário subsídio do governo para a população.
Mas com os países emergentes, como o Brasil, altamente endividados, esses incentivos ficam mais escassos e a alternativa é o investimento — das próprias empresas e dos governos — em pesquisas para o desenvolvimento de bateria elétricas que não precisem de matérias-primas raras, o que baratearia os preços dos veículos elétricos no mundo todo.

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