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Sobrecarga de Notícias Traumáticas: A Era da Exaustão Empática?

Vivemos em uma era de hiperconectividade. A cada segundo, somos bombardeados com informações de todos os cantos do planeta. Se antes a informação era poder, hoje, a avalanche de notícias, especialmente as de teor trágico, pode estar nos causando um sofrimento silencioso e insidioso: o trauma vicário.

O que é Trauma Vicário?

O trauma vicário, também conhecido como trauma secundário, é uma condição que afeta pessoas que, mesmo não sendo diretamente impactadas por um evento traumático, são expostas repetidamente a relatos e imagens desse evento. Jornalistas, profissionais de saúde, ativistas e, cada vez mais, o público em geral, estão vulneráveis a esse tipo de trauma.

O Impacto da Exposição Contínua à Tragédia

A exposição constante a notícias sobre desastres naturais, violência, guerras e crises humanitárias pode levar a sintomas semelhantes aos do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Entre eles, destacam-se a ansiedade, a irritabilidade, a dificuldade de concentração, os pesadelos, a sensação de desesperança e o isolamento social. A linha que separa a compaixão da exaustão empática está cada vez mais tênue.

A Culpa do Algoritmo?

As redes sociais e os algoritmos de recomendação têm um papel crucial nesse cenário. Ao priorizarem conteúdos que geram engajamento, muitas vezes sensacionalistas e carregados de emoção, essas plataformas acabam nos aprisionando em um ciclo vicioso de notícias negativas. A busca incessante por cliques e compartilhamentos pode estar cobrando um preço alto em nossa saúde mental coletiva.

Resistência e Autocuidado na Era da Informação

Diante desse panorama, é fundamental desenvolvermos estratégias de resistência e autocuidado. Limitar o tempo de exposição às notícias, selecionar fontes de informação confiáveis e equilibrar o consumo de conteúdos trágicos com notícias positivas e inspiradoras são passos importantes. Buscar o apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde mental também pode fazer toda a diferença.

Um Olhar Atento à Saúde Mental Coletiva

É preciso repensar a forma como consumimos e compartilhamos informações. A romantização do sofrimento alheio e a espetacularização da dor não contribuem para a construção de um mundo mais justo e solidário. Ao contrário, podem nos anestesiar e nos impedir de agir de forma efetiva em prol da mudança. O futuro da nossa saúde mental coletiva depende da nossa capacidade de nos conectarmos de forma empática e responsável com o sofrimento do outro, sem nos perdermos no labirinto da exaustão.

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