Dois shows do músico britânico Roger Waters foram cancelados na Polônia, conforme anunciado neste domingo (25) pelo local do evento na Cracóvia, depois que comentários do artista contra o apoio ocidental à Ucrânia causaram uma avalanche de críticas.
Waters, de 79 anos, deveria se apresentar na Cracóvia em abril de 2023, mas reportagens da mídia polonesa no começo deste mês sobre uma carta aberta do músico à primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, provocaram uma reação feroz.
Na carta, Waters dizia que o Ocidente deveria parar de fornecer armas a Kiev e acusou o presidente Volodimir Zelenski de permitir “nacionalismo extremo” na Ucrânia, instando-a a pedir ao marido para escolher “uma rota diferente”, “colocar um fim a essa guerra letal”. O músico também acusou a Otan de provocar a Rússia.
“Live Nation Polska e Tauron Arena da Cracóvia cancelaram o show de Roger Waters“, informam os organizadores, em comunicado divulgado no site do local de espetáculos. Eles não detalharam o motivo do cancelamento.
No sábado (24), a agência de notícias estatal PAP informara que um porta-voz da Tauron Arena disse que o empresário de Walters havia cancelado o show sem dar um motivo.
A Polônia está entre os maiores aliados de Kiev, e o apoio público à causa ucraniana é muito alto. Legisladores locais da Cracóvia pretendiam encaminhar na próxima quarta-feira uma resolução declarando Waters persona non grata na cidade.
“Triste perda”, diz Waters
Em uma postagem na mídia social, Waters disse não ser verdade que ele ou seu empresário cancelaram os shows e criticou o vereador Lukasz Wantuch pela iniciativa para declará-lo indesejável na cidade.
“Lukasz Wantuch ameaçou realizar uma reunião pedindo ao conselho para me declarar ‘persona non grata’ por causa de meus esforços para encorajar todos os envolvidos na guerra desastrosa na Ucrânia, especialmente os governos dos EUA e da Rússia, a trabalharem por uma paz negociada”, escreveu Waters em um post no Facebook.
“Se o senhor Lukasz Wantuch atingir seu objetivo e meus próximos concertos em Cracóvia forem cancelados, será uma triste perda para mim, porque eu estava ansioso para compartilhar minha mensagem de amor com o povo da Polônia.”
Wantuch disse em um post no Facebook na manhã de domingo que ele estava na Ucrânia e que comentaria mais tarde a declaração de Waters.
Não é a primeira vez que as opiniões de Roger Waters sobre política internacional causam controvérsia.
Em 2019, ele criticou um show no estilo Live Aid para arrecadar fundos para ajuda humanitária à Venezuela, alegando que era um esforço apoiado pelos EUA para prejudicar o governo socialista.
No Brasil, Roger Waters incluiu o então presidenciável Jair Bolsonaro em uma lista de neofascistas projetada em um telão durante show realizado em 2018 em São Paulo. Na ocasião, O ex-integrante do Pink Floyd fez um discurso sobre direitos humanos e ressaltou que, apesar da política no Brasil “não ser da sua conta”, ele é contra o ressurgimento do fascismo e contra a defesa de uma ditadura militar.
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