Bloqueio de R$ 5,8 milhões afeta o orçamento discricionário da instituição, que inclui gastos com água, energia, segurança e outros contratos. Segundo a UFU, 2 mil bolsistas podem ser afetados. Reitoria da UFU; imagem de arquivo
UFU/Divulgação
O bloqueio nas verbas do orçamento da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) impediu que a instituição pagasse os auxílios estudantis previstos para o mês de dezembro. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (6), o pró-reitor de Planejamento e Administração da UFU, Darizon Alves, disse que o congelamento pode afetar o pagamento de auxílios a 2 mil bolsistas.
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“Nós fizemos todos os processamentos para efetuar o pagamento, mas no momento de as pessoas receberem, o dinheiro não caiu”, disse o pró-reitor.
Entre os alunos afetados, está a estudante Marlene Aparecida Pereira, que cursa Letras na UFU. Ao g1, ela contou que recebe três auxílios diferentes da universidade: moradia, transporte e alimentação. Neste mês, a bolsa moradia já não foi depositada.
“Eu trabalho, mas dependo principalmente da bolsa de moradia pra pagar aluguel. Minha família inteira é de outro estado e eu vivo aqui sozinha”, disse a aluna, que é natural de Franca (SP).
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Além de estudar, Marlene trabalha como professora em uma escola particular e ainda faz estágio na reitoria da UFU. A aluna relata que conciliar as três demandas é difícil, mas, sem os recursos, a situação se torna ainda pior.
“Se a UFU cortar tudo, nós precisamos parar toda a graduação, não dá pra trabalhar mais do que já trabalhamos. Se o dinheiro não cair nos próximos meses, acho que preciso trancar e voltar pra casa”, finalizou.
Já o aluno de Engenharia Ambiental e Sanitária Vinicius Marim contou que usa o dinheiro que recebe do Programa de Educação Tutorial (PET) para se locomover entre os três campi da UFU em que tem aulas: Glória, Umuarama e Santa Mônica.
Ele também ainda não recebeu a parcela da bolsa de dezembro.
“Você acaba esperando e planejando no mês, e aí vem um balde de água fria. É um dinheiro que acaba fazendo uma diferença gigante”, contou
No caso de Thaís Cristina Santos, que também cursa Engenharia, a situação é ainda mais complicada, já que ela mora em Araguari –cidade a 30km de Uberlândia. Além do auxílio-transporte para ir estudar, ela ainda depende da bolsa alimentação e do auxílio-creche para a filha Vitória, de 4 anos.
“Como meu curso é integral, ela fica com os avós durante a semana, aí esse valor repasso pra gastos com material, transporte e alimentação deles com ela. Então fica chato eles arcarem com isso, já que foge também do orçamento deles”, explicou.
Thaís estuda ao lado da filha Vitória, de 4 anos
Thaís Santos/Arquivo
Procurada pelo g1, a pró-reitora de Assistência Estudantil da UFU, Elaine Saraiva, disse que em torno de 1.450 estudantes dependem diretamente do apoio financeiro da instituição nas áreas de moradia, alimentação e transporte.
“Estamos falando de estudantes de faixa econômica E e D, com renda per capita de até um salário mínimo, que não terão como pagar suas contas para comer, sobreviver, pagar pensão, entre outros e nitidamente irão abandonar seus cursos”, afirmou.
“E aqui falamos de criarmos um lapso temporal na educação, na formação de futuros profissionais para o nosso próprio país, do descompromisso com a educação no Brasil e com a nossa juventude”, finalizou.
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Bloqueio
O novo bloqueio ocorreu na última quinta-feira (1º), mesmo dia em que o Ministério da Educação (MEC) havia liberado R$ 366 milhões, congelados na última terça (29). Horas depois do anúncio da liberação, foi a vez de o Ministério da Economia emitir um decreto e bloquear R$ 1,36 bilhão dos recursos destinados ao MEC.
Segundo a nota da UFU, o novo decreto zerou o limite de pagamentos das despesas discricionárias do Ministério da Educação previsto para o mês de dezembro. Com isso, a universidade disse que mesmo as despesas que já estavam empenhadas aguardando apenas pagamento foram negativadas, o que pode inviabilizar o funcionamento dos campi até o fim do ano.
“Todas as formas de auxílio estudantil, contratos de alimentação, segurança, limpeza, transporte estão com pagamentos bloqueados. É uma situação insustentável, pois os recursos assegurados pela Lei Orçamentária Anual (LOA) tornaram-se indisponíveis pelo Ministério da Economia”, declarou.
O pró-reitor de Administração e Planejamento da UFU, Darizon Alves de Andrade, explicou que no dia do bloqueio, R$ 3,7 milhões que já haviam sido empenhados para pagar despesas ficaram parados na “boca do caixa”. Além disso, houve um bloqueio de R$ 2,1 milhões para fazer novos empenhos.
“Ao incluir os pagamentos a nossos bolsistas no bloqueio financeiro, chegamos a uma situação absolutamente inaceitável, injusta e incompatível à gestão pública, agravando substancialmente o cenário”, continuou.
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