STF expediu oito mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão. O detido na capital mineira é Randolfo Antônio Dias, que incitou ações antidemocráticas através de troca de mensagens. Randolfo Antonio Dias, preso em operação contra atos terroristas
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Um dos alvos presos durante a primeira fase da operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20), foi localizado em Belo Horizonte. Randolfo Antônio Dias, de 68 anos, publicava mensagens incitando atos antidemocráticos.
A operação mira financiadores e participantes de atos terroristas ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro. Oito pessoas são alvos de prisão.
“Atenção Patriotas de Minas Gerais!!! Vamos fechar a saída de combustíveis e exigir o código fonte das eleições”, publicou Randolfo em um aplicativo de troca de mensagens.
Em um dos áudios enviados por WhatsApp, Randolfo, que participou do acampamento golpista em BH, manifestou seu desejo pela morte do presidente Lula e do ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Não é possível que não tenha uma bala perdida pra acertar o Lula, não, gente? Pelo amor de Deus, uai! A bala perdida só mata o pobre, só o favelado. O Lula não acha uma bala perdida pra matar ele com o Alexandre de Moraes, não, sô? Uai! Pelo amor! Esses caras têm que tomar vergonha na cara e ser executado, uai! O país não vai aguentar não, sô. O país vai ter roubo, vai ter tudo de novo, certo? Não é possível, não, uai! O Lula não pode subir a rampa, não. Tem que ter um doido lá pra matar ele e virar herói nacional, uai”.
Em outro, disse ter vontade que ocorra uma “guerra civil”, com fechamento do Senado.
“Tem que botar pra quebrar mesmo! Ter guerra civil mesmo! Matar gente, fechar o Senado, fazer uma zona mesmo. O país não pode deixar esse filho *** desse Lula ser presidente, não, sô. Isso é um filho **! Nem o câncer conseguiu matar esse filho ***, sô. Nem o câncer conseguiu matar ele!”
O homem não tinha antecedentes criminais.A reportagem do g1 Minas tenta localizar a defesa de Randolfo.
Publicação de Randolfo, alvo da operação da PF em BH,
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A ação foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, que também expediu 16 mandados de busca e apreensão. As ordens estão sendo cumpridas nos seguintes locais:
Distrito Federal: 5 de busca e apreensão e 2 prisões
Goiás: 1 busca e apreensão
São Paulo: 7 busca e apreensão e 3 prisões
Rio de Janeiro: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Minas Gerais: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Mato Grosso do Sul: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Outro alvo
Ramiro dos Caminhoneiros:
Preso nesta sexta, Ramiro Alves Da Rocha Cruz Junior publicou imagens dos atos terroristas nas redes sociais. Ele também esteve em Brasília e, após o desmonte do acampamento golpista no Quartel-General do Exército, chegou a visitar detidos no ginásio da PF em que eram mantidos. Ele disse que conseguiu entrar no local “miraculosamente”.
“Quando eu cheguei aqui, abriram a cancela miraculosamente. Eu não tenho palavras para descrever isso, coisa de Deus.”
Ramiro, que é filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi candidato a deputado estadual pelo estado de São Paulo. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele recebeu R$ 150 mil em recursos da sigla. No entanto, não se elegeu.
Nas redes sociais, onde tem mais de 70 mil seguidores, o golpista incitava atos antidemocráticos com frequência e é citado como um dos organizadores desses grupos.
No dia 3 de janeiro, ele publicou um vídeo convocando golpistas para irem a Brasília. Na gravação, disse que “a coisa vai começar nos próximos dias” e escreveu a legenda: “09/01/2023 em diante o Brasil vai parar”.
Investigação
Os alvos são investigados pelos seguintes crimes:
abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
golpe de Estado;
dano qualificado;
associação criminosa;
incitação ao crime;
destruição;
deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
Segundo a corporação, as investigações continuam. A Polícia Federal pede para que, caso alguém tenha informações sobre pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os ataques do último dia 8, encaminhe a identificação para o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br.
Salão térreo do Palácio do Planalto após atos de vandalismo
Adriano Machado/Reuters
Atos golpistas e criminosos em Brasília
Bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
O ataque às sedes dos Três Poderes e à democracia foi sem precedentes na história do Brasil. Os terroristas quebraram vidraças e móveis, vandalizaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
Bolsonaristas golpistas invadem Planalto, Congresso e STF
AP Photo/Eraldo Peres
O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado. Ao todo, mais de 1,8 mil foram detidas e 1,4 mil permaneceram presas.
Liberados
Nesta quinta-feira (19), Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) começou a instalação das tornozeleiras eletrônicas nos bolsonaristas radicais soltos após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Até esta quarta-feira (18), 200 pessoas tinham sido liberadas por decisão do ministro, relator do caso na Corte. Outras 354 tiveram a prisão convertida em preventiva, e vão ficar detidas por tempo indeterminado. Segundo a última atualização, faltavam analisar 885 casos.
De acordo com a decisão, as pessoas que foram soltas continuam sendo investigadas e são consideradas suspeitas. Além do uso de tornozeleira eletrônica, Alexandre de Moraes determinou ainda que os bolsonaristas soltos cumpram as seguintes medidas:
Proibição de ausentar-se da comarca;
Recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de semana;
Obrigação de se apresentar à Justiça quando forem convocados e todas as segundas-feiras;
Proibição de sair do país
Cancelamento de todos passaportes emitidos no Brasil;
Suspensão de qualquer documento de porte de arma de fogo e de certificados de registro para realizar atividades de colecionamento de armas;
Proibição do uso de redes sociais;
Proibição de se comunicar com outros investigados por qualquer meio.
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