Polícia alemã anunciou na sexta-feira (26) que abriu uma investigação sobre o músico. Figurino é usado por Waters durante performance desde a década de 1980. Cartaz da turnê ‘This is not a drill’, de Roger Waters, e cena em que o músico interpreta personagem fascista do filme ‘Pink Floyd: The Wall’, de 1982, durante o show
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O cofundador do Pink Floyd Roger Waters afirmou nas suas redes sociais que o uniforme de estilo nazista que ele usava no palco de um show em Berlim, o que levou a polícia alemã a abrir uma investigação sobre o músico britânico, mostrava sua oposição ao fascismo e à intolerância.
O músico de 79 anos disse que os elementos de sua apresentação na Arena Mercedes-Benz de Berlim que foram questionados eram “claramente” uma declaração contra o fascismo, a injustiça e o fanatismo.
“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me caluniar e me silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais”, diz o músico em um comunicado nas redes sociais.
Imagens de um show em 17 de maio em Berlim, parte da turnê “This is not a drill”, mostraram o famoso cantor e baixista em um longo casaco preto com braçadeiras vermelhas brilhantes. As imagens provocaram críticas em Israel.
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Reprodução/Twitter
A roupa apresentava um emblema da suástica feito de dois martelos cruzados, uma iconografia que também apareceu em figurinos em um filme baseado no álbum de sucesso de 1979 do Pink Floyd “The Wall”, uma crítica ao fascismo.
O comunicado de Water continua: “Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar esses elementos como algo diferente são dissimuladas e politicamente motivadas. A representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde ‘The Wall’ do Pink Floyd em 1980.”
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Giuliano Gomes/PR Press
Durante o evento, inscrições em letras vermelhas também apareceram em uma tela com os nomes de Anne Frank, a adolescente judia morta em um campo de concentração, e Shireen Abu Akleh, jornalista palestina-americana do canal Al Jazeera, morta em uma operação israelense em maio de 2022.
“Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que os veja. Quando eu era criança, depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa, ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final”, diz o músico.
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“Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem.”
Na sexta-feira (26), a polícia alemã informou que abriu uma investigação de incitação ao ódio por parte de Waters.
“Estamos investigando uma suspeita de incitação ao ódio público porque as roupas usadas no palco podem ser utilizadas para glorificar ou justificar o regime nazista, perturbando a ordem pública”, disse à AFP o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Halweg, ao anunciar a investigação.
“Estamos investigando e, após a conclusão do procedimento, transmitiremos as informações ao Ministério Público para uma última avaliação jurídica”, acrescentou o porta-voz da polícia.
O MP decidirá se o cantor será processado ou não. O ministério israelense das Relações Exteriores afirmou que Waters “profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”.
Waters é um conhecido ativista pró-Palestina que já foi acusado de ter posições antijudaicas. Em seus shows, ele utiliza um porco inflável com a estrela de David. Também defende ações de boicote a produtos israelenses.
As autoridades da cidade alemã de Frankfurt cancelaram um show do músico programado para 28 de maio, mas a decisão foi anulada por um tribunal administrativo em nome da liberdade de expressão.
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