Quem é o príncipe Heinrich XIII, um homem acusado de tentar derrubar o governo da Alemanha?

BERLIM – O príncipe Heinrich XIII de Reuss, descendente de uma família nobre de 700 anos que já reinou sobre um pequeno estado no leste da Alemanha, era uma figura relativamente obscura – até quarta-feira, quando foi nomeado um dos líderes de um grupo acusado de conspirando para derrubar o governo alemão.

No início deste ano, sua família se distanciou publicamente dele, de acordo com MDR, uma emissora pública local, depois que o príncipe se reuniu publicamente com um prefeito local que era conhecido por ser simpático ao movimento Reichsbürger, um grupo de extrema direita que nega a legitimidade do estado alemão moderno. O prefeito foi afastado do cargo após agredir um jornalista.

“Receio que ele agora seja um teórico da conspiração, um velho confuso”, disse Heinrich XIV de Reuss, que fala pela Casa de Reuss, ao MDR na época, acrescentando que Heinrich XIII, 71, havia rompido todos os laços com o família mais de uma década antes. (Os membros masculinos de vários ramos da família são tradicionalmente chamados de Heinrich, e o porta-voz não é filho de Heinrich XIII.)

A Casa de Reuss reinou até 1918 em um principado em torno de Gera, na atual Turíngia, que foi incorporado ao Império Alemão. Na Alemanha moderna, os nobres hereditários não têm posição legal especial; seus títulos não têm peso formal, mas às vezes ainda são usados ​​como partes de nomes.

O príncipe, cujo site profissional o chama de Heinrich XIII Prinz Reuss e diz que oferece “Coordenação de interesses comerciais”, trabalhou como corretor imobiliário de alto nível. Ele foi preso em Frankfurt, onde tem um apartamento e escritórios no exclusivo bairro de West End.

De acordo com as rígidas leis de privacidade da Alemanha, as autoridades fornecem apenas as iniciais dos sobrenomes dos suspeitos, mas o nome que deram a ele – “Heinrich XIII PR” – e fotos e detalhes das prisões deixaram sua identidade clara. Uma cidadã russa identificada como Vitalia B., que segundo os meios de comunicação alemães era o parceiro de vida do príncipe, e outro co-conspirador identificado como Norbert G., foram presos perto da casa ancestral do príncipe nas proximidades de Bad Lobenstein, em Turíngia.

Os policiais também invadiram seu castelo lá, onde os conspiradores ocasionalmente se encontravam, informou o MDR. O príncipe teria financiado algumas das atividades do grupo, de acordo com relatos da mídia.

Ao longo dos anos, o príncipe, cujo bisavô foi o último soberano da linhagem até abdicar no final da Primeira Guerra Mundial, trabalhou para manter a história da família e os locais de sepultamento. Nascido na Alemanha Ocidental durante a divisão alemã, ele se tornou ativo na região outrora governada por seus ancestrais após a reunificação, supervisionando uma escavação em busca da tumba de um ancestral em 2014 e reformando um teatro local.

Mas seu interesse por teorias da conspiração e tendências anti-semitas também foi bem documentado.

Em janeiro de 2019, ele deu uma palestra no WorldWebForum em Zurique, na Suíça, intitulada “Experimente a ascensão e queda da elite de sangue azul”. No discurso de 15 minutosele protestou contra a família Rothschild e afirmou que a Primeira Guerra Mundial foi imposta ao kaiser alemão por interesses financeiros internacionais – ambos assobios anti-semitas comuns – e que a Alemanha democrática moderna era apenas uma ilusão.

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