A Rússia nomeou neste sábado (08) um novo comandante para sua “operação militar especial” na Ucrânia, após sofrer uma série de reveses no território e em meio a sinais de crescente descontentamento entre as elites russas sobre a condução do conflito.
O general Sergei Surovikin foi nomeado no mesmo dia em que o exército russo sofreu um forte baque com a destruição de parte da ponte de Kerch. A via é a única ligação entre a Rússia e a península ucraniana da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014.
A nomeação é a primeira de um comandante geral do campo de batalha para as tropas russas na Ucrânia. O nome do antecessor de Surovikin nunca foi revelado oficialmente.
Segundo analistas, a medida pode indicar que Moscou agora entende que suas forças estão em perigo de colapso no país vizinho, num momento em que as tropas de Kiev avançam em todas as quatro regiões que o presidente Vladimir Putin afirma ter “anexado”. A nomeação também pode ser uma tentativa do Kremlin de combater as críticas de que o Exército russo está conduzindo mal a guerra.
Sergei Surovikin durante uma cerimônia de premiação para as tropas que lutaram na Síria em foto de 2017. — Foto: Alexei Druzhinin, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP
Sergei Surovikin, de 55 anos, nasceu na cidade de Novosibirsk, na Sibéria. Ele é um comandante veterano que se especializou em infantaria durante grande parte de sua carreira militar, embora também tenha comandado a força aérea russa.
Na Ucrânia, até então ele vinha atuando como chefe do agrupamento militar no sul do país, tendo substituído o general Alexander Dvornikov, que durou apenas alguns meses no cargo.
Segundo a imprensa europeia, Surovikin teria melhorado a eficácia das tropas russas no leste ucraniano, que sofrem com a falta de comunicação e cooperação.
Tanques russos avançam sobre área próxima a Mariupo junto com a região do Donbass, no leste da Ucrânia — Foto: Alexei Alexandrov/ AP
No país em guerra, as forças russas têm sido especialmente assoladas pela incapacidade de coordenar a infantaria, artilharia e força aérea, enquanto a Ucrânia tem avançado com sua contraofensiva nas últimas semanas.
“Surovikin sabe lutar com bombardeios e mísseis – é o que ele faz”, afirmava em junho o general Kyrylo O. Budanov, chefe do serviço de inteligência militar da Ucrânia.
Putin durante visita a base militar russa em operação na Síria em 2017. Ao seu lado, o à época Coronel Sergei Surovikin — Foto: Mikhail Klimentyev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP
Antes da Ucrânia, Surovikin já havia servido em vários cargos e era considerado um possível próximo líder do Estado-Maior, o chefe de todas as forças armadas do país.
Ele tem experiência de combate nos conflitos no Tajiquistão nos anos 1990 e na Tchechênia no início da década de 2000, durante a guerra de Moscou contra os rebeldes islâmicos.
Surovikin também comandou as forças russas na Síria em 2017, em apoio a Bashar al-Assad, segundo sua biografia no site do Ministério da Defesa. Comandantes americanos por vezes o consultavam diretamente.
Sergei Surovikin em 2017 enquanto discursava diante do mapa da Síria — Foto: Pavel Golovkin/AP
Na Síria, foi acusado de usar táticas “controversas”, incluindo a supervisão de bombardeios indiscriminados contra combatentes contrários ao governo sírio. Uma dessas ofensivas brutais destruiu grande parte da cidade de Aleppo.
Em 2020, a ONG Human Rights Watch o citou entre os líderes militares que poderiam ter “responsabilidade de comando” por violações de direitos humanos na Síria.
No exército russo, colegas o apelidaram Surovikin “General Armagedom”, por sua abordagem linha-dura e pouco ortodoxa na supervisão de conflitos. “Por mais de 30 anos, a carreira de Surovikin foi marcada por alegações de corrupção e brutalidade”, afirmaram autoridades de inteligência britânicas num relatório recente.
Sergei Surovikin também tem uma história conturbada que inclui duas passagens pela prisão, uma delas por liderar uma ofensiva militar sangrenta contra manifestantes na década de 1990.
Durante a tentativa fracassada de golpe de Estado lançada por radicais soviéticos em 1991, o então capitão, comandou uma divisão de fuzileiros que atravessou barricadas erguidas por manifestantes pró-democracia. Três homens morreram, um deles esmagado.
O militar passou pelo menos seis meses na prisão pelo incidente, mas acabou sendo libertado sem julgamento, de acordo com um estudo do think tank conservador Jamestown Foundation, de Washington.
“É altamente simbólico que Sergei Surovikin, o único oficial que ordenou atirar em revolucionários em agosto de 1991 e de fato matou três, esteja agora encarregado deste último esforço para restaurar a União Soviética. Essa gente sabia o que estava fazendo, e sabe agora”, escreveu no Twitter o cientista político e sociólogo russo Grigory Yudin, em reação à nomeação do general para comandar na Ucrânia.
Em 1995, Surovikin também recebeu uma pena suspensa por comércio ilegal de armas, mas a condenação foi posteriormente anulada, afirma a Jamestown Foundation. “No Exército, Surovikin tem uma reputação de total crueldade”, acrescenta o estudo. Ele foi incluído numa lista de sancionados pela União Europeia em 23 de fevereiro, um dia antes da invasão russa da Ucrânia.
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