Dono do remix de ‘Banho de Folhas’, músico faz afro house que une batidas eletrônicas com percussões de gêneros como baião, samba e MPB. DJ Maz
Fabrizio Pepe
Ludmilla e DJ Maz são os únicos artistas brasileiros do lineup do Coachella 2024, que acontecerá entre os dias 12 e 21 de abril, na Califórnia, nos Estados Unidos. Mas se a pagodeira dispensa apresentações ao público nacional, o mesmo não pode ser dito do produtor.
A música do carioca tem mais apelo no público estrangeiro do que no regional.
“Os gringos estão amando ouvir essa pegada”, diz ele ao g1, em referência a seu afro house que une batidas eletrônicas com percussões de gêneros como baião, samba e MPB.
DJ Maz
Fabrizio Pepe
Pista abrasileirada
O DJ é dono da versão suingada de “Banho de Folhas”, de Luedji Luna. A canção é seu maior hit e foi um divisor de águas na carreira.
“Antes, eu tinha preconceito com músicas eletrônicas que têm vocal em português. Nunca tinha visto algo que realmente fizesse sentido. Pensava que uma coisa não era feita para outra”, disse o artista.
Até então, ele apostava em músicas de pista com nenhum ou pouco vocal — em inglês. Casos de suas “Twin Fin”, “Higher” e “Stomboli”. Estética da qual se descolou em 2022, ano em que lançou o remix de “Banho de Folhas”.
DJ Maz
Divulgação
A composição, explicou ele, surgiu a partir de seu interesse da época em emplacar um hit que furasse a bolha eletrônica. Por isso, quis investir numa música brasileira que fosse “conhecida, mas não tanto”. E a identificação com “Banho de Folhas” foi instantânea.
“Nosso país é muito rico culturalmente e tem muito a ser explorado. Naquele período, eu ainda não sabia como fazer isso. Mas com ‘Banho de Folhas’ destravei esse tipo de produção. Hoje, é um dos estilos de som que mais gosto de fazer. Misturar não só vocais em português, mas também percussões que são características da nossa música.”
No remix, o DJ acrescenta à faixa batidas de samba do músico Sergio Mendes — sample que, ao contrário de Luedji, não é creditado. “Me desculpa, Sergio. E obrigado pela sua arte”, disse Maz, rindo.
Para surpresa do DJ, o remix bombou primeiro na Europa — pouco após ser lançada, no fim de abril. No Brasil, foi colar mesmo no fim daquele ano, e até hoje é famosa em setlists festivas do país.
“Na primeira vez que toquei essa música no Brasil, metade da pista ficou ‘que salada é essa?’, ‘que Frankstein é esse?’. A outra metade achou absurdo de bom.”
Baião eletrônico
Desde então, Maz se volta a sons regionais. Em “Todo Homem”, o músico resgata o vocal hiperagudo de Zeca Veloso da faixa homônima (cuja versão original é um dos maiores sucessos do disco “Ofertório”) e insere ali uma roupagem eletrônica, de batidas lentas e melódicas.
Já “Baião Destemperado”, que tem sons do grupo Barbatuques, traz uma percussão mais evidente e mais acelerada, cheia de alegria.
No início deste ano, o DJ lançou “Brisa”, parceria com Antdot e Jéssica Gaspar. Canção que vai da MPB à EDM.
Festivais pelo mundo
Dez anos atrás, Maz era apenas Thomaz, estava no mercado publicitário e havia acabado de falir sua antiga startup.
Foi durante uma ida ao festival Universo Paralelo que ele, então, decidiu mudar de carreira. E migrou para a música.
O DJ começou a ganhar destaque no início desta década. E de lá para cá, se apresentou em festivais como Tomorrowland Brasil, Rock in Rio e Lollapalooza.
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