A escritora francesa Annie Ernaux é conhecida por seus romances sobre classe e gênero baseados em sua experiência pessoal. Ela foi anunciada nesta quinta-feira (6) como a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura.
A escritora de 82 anos foi premiada pela “coragem e acuidade clínica com que descobre as raízes, os distanciamentos e as restrições coletivas da memória pessoal”, explicou o júri do Nobel. Ela receberá o prêmio de 10 milhões de coroas (pouco mais de US$ 900 mil).
“Considero que é uma grande honra e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade receber o Prêmio Nobel”, declarou Ernaux ao canal de televisão sueco SVT. Ela considera que deve continuar a testemunhar “uma forma de equidade, justiça, em relação ao mundo”.
Annie Ernaux — Foto: Julie Sebadelha/AFP
Annie Ernaux era um nome citado há muitos anos entre possíveis vencedores do Nobel. Ela é a 17ª mulher a receber a honra, entre os 119 laureados desde a criação do prêmio em 1901.
Professora universitária de Literatura, Annie Ernaux escreveu quase 20 livros, nos quais aborda o peso da dominação das classes sociais e a paixão do amor, dois temas que marcaram sua trajetória.
Ernaux tem uma obra essencialmente autobiográfica que constitui uma radiografia da intimidade de uma mulher que evolui na esteira das grandes mudanças na sociedade francesa do pós-guerra.
Nascida em 1940, Annie Ernaux viveu até os 18 anos na cafeteria “suja, feia” de seus pais em Yvetot, na Normandia (norte da França), ambiente do qual saiu graças a uma cátedra em Letras Modernas que obteve após um intenso trabalho intelectual.
Entre suas obras estão “O Acontecimento” (2000), “Os Anos” (2008) e “Les Armoires Vides” (1974). Nesse romance de tom áspero e violento, a protagonista descreve os dois mundos incompatíveis em que vive na adolescência: por um lado, o da ignorância, grosseria dos clientes bêbados do café, da estreiteza de seus pais; por outro, o “da facilidade, da leveza das meninas” das classes mais abastadas com quem convive na escola.
“O Acontecimento” conta o drama de um aborto clandestino que ela sofreu em 1963, e que foi transformado em filme no ano passado. Seu estilo seco e sem lirismo tem sido objeto de estudo, e chamado de “autobiografia impessoal”.
Uma de suas referências é a feminista Simone de Beauvoir, de quem ela segue a atenção cuidadosa aos detalhes que marcam sua vida.
“A vergonha” (1997) é sobre a perda da virgindade; o fracasso de seu casamento é tema de “Uma mulher congelada” (1981); e a experiência do câncer de mama está em “L’usage de la photo” (2005). Em “Uma paixão simples” (1992), descreve de maneira crua a alienação do amor.
Com sua prosa cristalina, Annie Ernaux estava entre os nomes favoritos nos círculos literários, mas ela considera o prêmio uma “surpresa”.
“Sua obra carece de concessões e está escrita em uma linguagem simples, limpa”, destacou o acadêmico Anders Olsson ao apresentar o trabalho da vencedora do Prêmio Nobel.
Seu livro mais recente, “Le jeune homme”, foi lançado em maio pela Gallimard, sua editora durante toda a carreira.
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