Quase 100 pessoas morreram e mais de uma dúzia ficaram desaparecidas depois de um barco superlotado naufragar na costa de Moçambique, informaram segunda-feira as autoridades locais.
A embarcação transportava cerca de 130 pessoas, muito acima da sua capacidade, disse Jaime Neto, secretário de Estado da província de Nampula, onde ocorreu o desastre no domingo, em rede nacional.
O Sr. Neto disse que o barco se dirigia para a Ilha de Moçambique a partir da cidade de Lunga. Algumas pessoas viajavam para a ilha para participar numa feira, disse ele, enquanto outras fugiam do continente com medo de serem afectadas por um surto de cólera, um pânico que, segundo ele, foi em grande parte motivado por rumores.
Desde Outubro, o país da África Austral registou cerca de 15 mil casos de cólera, uma doença transmitida pela água, e 32 mortes, segundo dados do governo. A província de Nampula tem sido uma das zonas mais afectadas, mas Stéphane Foulon, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras em Moçambique, disse que não houve casos recentes notificados no distrito de onde partiu o barco.
Mesmo assim, disse ele, “as pessoas têm muito medo da cólera”. Ele disse que sua equipe estava investigando os rumores de um surto.
O Sr. Neto disse que pelo menos três dos corpos que as autoridades recuperaram eram de crianças. Ele acrescentou que 11 pessoas foram resgatadas e que crianças estavam entre as pessoas ainda desaparecidas.
Fotografias do barco, que foi trazido de volta à costa da Ilha de Moçambique, mostravam o que parecia ser uma pequena embarcação de pesca.
Silvério Nauaito, administrador da ilha, disse à TVM, a emissora nacional, que as vítimas eram na sua maioria mulheres. Alguns funerais já estavam sendo realizados na ilha, segundo a emissora.
Moçambique foi uma colónia portuguesa até conquistar a sua independência em 1975. A ilha de Moçambique foi um entreposto comercial português na rota para a Índia e um dos principais portos para o comércio de escravos durante a época colonial.
