Moradores de Venda Nova do Imigrante fizeram protesto na segunda-feira (26). De acordo com a prefeitura, a origem do problema são duas granjas de avicultura de gaiola. Professor da Ufes explica aumento de moscas e mosquitos em Venda Nova do Imigrante
Moradores das comunidades de Viçozinha, São João e Camargo, no interior de Venda Nova do Imigrante, no Sul do Espírito Santo, fizeram um protesto contra a invasão de moscas vindas de granjas de aves localizadas nas cidades na manhã desta segunda-feira (26).
Vários registros foram feitos da grande quantidade de moscas em alimentos e até em brinquedos de crianças.
O professor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Marcelo Tavares, explicou que essa invasão de moscas pode ser causada pela falta de manejo adequado das fezes de frangos.
“Com relação as moscas, parece que há um problema maior relacionado a criação de frangos. Parece que tem algumas granjas naquela região, ou para ovos, ou para frango mesmo, abate. E nessa condição, possivelmente o que está tendo é uma questão do manejo inadequado das fezes do frango que se acumulam naqueles galpões. Quando as penas, fezes, restos de ração, são retirados para limpeza, que tem que retirar de tempo em tempo, talvez não esteja tendo um tratamento adequado”, disse o professor.
Moradores de Venda Nova do Imigrante reclamam de grande quantidade de moscas na cidade
Reprodução/TV Gazeta
Marcelo contou ainda que o material deixado pelos frangos é importante, mas que sem o tratamento adequado desencadeia a proliferação de moscas.
Ele explicou que esse material é rico e importante, inclusive vira adubo, mas só que se não tiver um tratamento adequado, vai permitir a proliferação de moscas.
As moscas não dependem de água, dependem de matéria orgânica morta, então as fezes do frango e todo aquele material que acumula no chão do galpão onde cria o frango e as galinhas, é um material que cria moscas. Dentro do galpão nem tanto, porque as próprias galinhas e frangos acabam comendo as moscas. Mas quando retira o material, se não tem um trato adequado, realmente as moscas se proliferam”, explicou o professor.
Marcelo Tavares disse ainda que depois que as moscas já se proliferaram, fica difícil controlar o número dos animais, o jeito acaba sendo recorrer ao uso de inseticida. O especialista contou que depois que tem uma quantidade muito grande de moscas voando é mais difícil amenizar.
O professor disse que, muitas vezes, é utilizado o inseticida, que também não é bom para a saúde e para o meio ambiente.
Eles também acabam matando os inimigos naturais que comem as moscas, então a gente piora mais o problema. Não dá para passar inseticida em toda aquela região. É uma área rural, e ficaria muito complexo, inclusive economicamente, além do problema da intoxicação, das pessoas que estão morando na região e a questão de contaminação do ambiente. O controle mesmo tem que ser feito com o manejo adequado daquele material que fica amontoado. É um procedimento relativamente simples: é a cobertura daquele material com lona, para ele ficar protegido para não umedecer. Ele sozinho, seco, não cria moscas. Mas se ele umedece, principalmente nessa época que está chovendo, ficando exposto ao ambiente, vai ter um problema de desenvolvimento das larvas das moscas”, finalizou o professor.
O que diz a prefeitura
A secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante disse que vem adotando medidas administrativas cabíveis para conter o problema do excesso de moscas nas localidades.
Moradores de Venda Nova do Imigrante fizeram um protesto por causa da grande quantidade de moscas
Reprodução/TV Gazeta
Segundo a pasta, a origem do problema são duas granjas de avicultura de gaiola situadas nessas comunidades e que os negócios estão sob multa diária de R$ 1.500.
Um dos empreendimentos, segundo a prefeitura, já foi orientado por uma equipe municipal de Meio Ambiente, mas não acatou as sugestões para evitar as moscas.
O outro, alterou a forma de manejo do esterco e contratou uma empresa especializada em controle de pragas.
Invasão de moscas em Venda Nova do Imigrante, ES
Reprodução/TV Gazeta
Ainda de acordo com a prefeitura, as duas granjas foram notificadas para desmobilizar parte dos galpões, visando a reduzir a quantidade de galinhas e a consequente produção de esterco, o atrativo para as moscas.
Uma terceira granja passou a ter excesso de moscas e também foi notificada, segundo a gestão.
“A fiscalização tem sido realizada semanalmente, visando o acompanhamento das medidas que devem ser executadas pelos empreendimentos para o controle efetivo de larvas e moscas”, informou em nota.
Professor explica que falta de tratamento adequado nas fezes dos frangos pode estar causando invasão das moscas
Reprodução/TV Gazeta
A prefeitura também também disse que os relatórios técnicos da secretaria de Meio Ambiente já foram enviados para o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) que abriu um procedimento para discussão de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os proprietários das granjas quem apresentam problemas, mas os proprietários não concordaram com as propostas.
O g1 perguntou ao Ministério Público do Espírito Santo se alguma medida será tomada para o controle das moscas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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