O primeiro-ministro Fumio Kishida demitiu o secretário de gabinete Masayoshi Arai. Ele afirmou que “não gostaria nem de morar ao lado” de casais do mesmo sexo. Fumio Kishida em imagem de 2022.
KYODO / REUTERS
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, classificou os comentários de seu secretário de gabinete Masayoshi Arai como “ultrajantes e completamente incompatíveis com as políticas do governo”.
Masayoshi Arai disse na sexta-feira (3) que “nem quer olhar” para casais do mesmo sexo. Ele acrescentou que “nem gostaria se eles morassem ao lado”, noticiou a emissora pública NHK.
Kishida repreendeu os comentários e os chamou de “ultrajantes e completamente incompatíveis com as políticas do governo”.
No mesmo dia, Arai pediu desculpas, afirmando que as falas tinham sido inapropriadas, mesmo que fossem sua opinião pessoal.
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Desconforto antes da cúpula do G7
Os comentários de Arai são um embaraço para Kishida, que se prepara para receber os líderes G7 em maio – o país, é o único do grupo a não reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo.
No sábado, Kishida disse a repórteres que o Japão está “visando uma sociedade inclusiva, que reconheça a diversidade”.
A constituição japonesa diz que “o casamento deve ser baseado apenas no consentimento mútuo de ambos os sexos” e “com direitos iguais de marido e mulher”.
Atualmente, os casais do mesmo sexo no Japão não podem herdar os bens um do outro e não têm direitos parentais.
O movimento em direção à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem crescido no Japão, e os comentários de Aria provocaram protestos.
Em uma pesquisa realizada pela NHK em julho de 2021, dois meses antes de Kishida se tornar primeiro-ministro, 57% dos 1.508 entrevistados apoiavam o reconhecimento legal da união entre pessoas do mesmo sexo.
Em novembro, um tribunal de Tóquio confirmou a proibição do casamento homossexual. No entanto, também apontou que a falta de uma legislação sobre assunto violava os direitos humanos.
Queda nos índices de aprovação
A demissão de Arai marca outro golpe para o governo de Kishida, que enfrenta índices de aprovação em queda desde o ano passado. De acordo com pesquisas recentes, o apoio público caiu pela metade, para cerca de 30%, após uma série de demissões de altos funcionários.
Nos últimos três meses, quatro ministros renunciaram por alegações de irregularidades financeiras ou ligações com a controversa igreja da unificação.
Em 2022, o ministro da Justiça deixou o cargo depois de fazer piadas sobre pena de morte e assuntos internos. Também no ano passado, o vice-ministro das Comunicações renunciou por causa de comentários sobre pessoas LGBTQ e a comunidade indígena Ainu do Japão.
Em 2021, Yoshiro Mori, então chefe do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, renunciou após fazer comentários sexistas, ao afirmar que “mulheres falam demais”.
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