Assim como seu antecessor, presidente americano é investigado por um promotor especial e se desloca para a posição defensiva. O presidente dos EUA, Joe Biden, durante entrevista coletiva de imprensa para explicar documentos confidenciais do governo encontrados em sua garagem, em 12 de janeiro de 2023.
Andrew Harnik/ AP
A descoberta de dois lotes de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos em propriedades de Joe Biden deslocou o presidente americano para a posição defensiva, após passar os dois primeiros anos de seu mandato com o dedo apontado na direção de seu antecessor.
Por determinação do Departamento de Justiça, Biden e Donald Trump são agora investigados por promotores especiais por reterem memorandos sigilosos.
Aparentemente as situações se equiparam. Só que não. Trump persegue uma analogia com Biden na posse de documentos confidenciais, mas até as circunstâncias em que eles foram revelados são distintas.
A residência do ex-presidente, na Flórida, foi alvo de buscas do FBI, e ele parece ter resistido aos esforços do governo para recuperar caixas com 300 documentos. Alguns continham informação ultrassecreta sobre as capacidades militares nucleares de outro país.
Já os advogados de Biden tomaram a dianteira e revelaram a existência dos dois lotes de material sensível. Trata-se de um pequeno número de memorandos da época em que ele serviu como vice-presidente de Barack Obama, que estava em armários trancados. Seu teor não foi revelado.
Documentos sigilosos com Biden e Trump: veja quais são as semelhanças e diferenças dos dois casos
Biden admite posse de documento sigilosos
No curto prazo, o ex-presidente ganhou um suporte de oxigênio diante da saraivada de acusações que o cercam e munição extra para afrontar Biden. É beneficiado também pela nova composição da Câmara, de maioria republicana, que acumula forças para iniciar uma investigação sobre o atual mandatário.
Biden atravessava um momento favorável, recuperando popularidade, uma vez que a surra prevista nas eleições de meio de mandato não se concretizou. Os democratas perderam o controle da Câmara, mas mantiveram o do Senado.
Montagem mostra os rostos de Donald Trump e Joe Biden
Reuters
Ele, contudo, está sujeito à ira revanchista republicana instalada na Câmara. Mal superou o impasse sobre a escolha do novo presidente da Casa, Kevin McCarthy, o partido abriu investigação sobre os negócios da família do presidente e não lhe dará trégua até o fim do mandato.
A posse de documentos confidenciais deixa Biden vulnerável e enfraquece sua capacidade de indignação em relação ao principal oponente. Pode também interferir no processo de decisão para concorrer às eleições presidenciais de 2024.
Sem dúvida, o escândalo põe sobre o presidente um telhado de vidro, embora um pouco mais resistente do que o de Trump.
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