Uso começou no improviso com comerciantes argentinos pedindo ajuda a pessoas com contas no Brasil. Porém, há empresas criando soluções para uso do PIX via QR Code. Casa Rosada, Balcarce, Buenos Aires, Argentina
Edgardo Ibarra/Unplash
“Loucura é você entrar na loja da Cachafaz, em Buenos Aires, do lado do estádio do Boca Juniors, e a moça te falar em portunhol melhor que o seu: “Aceitamos PIX'”, relatou em fevereiro deste ano um usuário no Twitter.
“Hj comprei duas caixas de alfajor na Argentina e paguei no pix amo ser brasileira😁😁😁”, postou outra usuária, neste mês.
Já a brasileira Thais Durand conta que viu até comerciantes na Feira de Antiguidades de San Telmo aceitando PIX, durante as suas viagens pelo país, em março e abril deste ano, segundo relatou ao g1.
“Achei engraçado. Lembro de falar com as minhas amigas ‘como será que eles abrem conta no Brasil ou recebem esse dinheiro?’”, disse.
No improviso
A chegada do PIX no país foi mesmo no improviso. Uma reportagem da BBC, de julho, mostrou que uma vendedora argentina de Puerto Iguazú chegou a pedir ajuda a um amigo com conta no Brasil para conseguir receber o dinheiro de um cliente.
A mesma reportagem relatou ainda que, em outros locais da cidade, comerciantes usam o PIX por meio de contas de familiares e de sócios brasileiros.
Como o processamento do PIX e a conversão de pesos ou dólar em real acontecem no Brasil, o cliente brasileiro paga uma taxa de IOF de 0,38%, que incide sobre as operações cambiais no país.
O IOF é o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários. Para cada modalidade, há uma taxa diferente. Para compras internacionais no cartão de crédito, por exemplo, o percentual é maior, de 5,38%, atualmente.
Toda essa gambiarra de comerciantes argentinos faz sentido, já que os brasileiros são o terceiro maior grupo de turistas na Argentina, depois de uruguaios e chilenos.
E o turismo na região tem sido atrativo diante da forte desvalorização do peso argentino em relação às moedas de países vizinhos e ao dólar, principalmente após a vitória do candidato de extrema direita Javier Milei, nas prévias das eleições presidenciais.
PIX com QR Code
KamiPay, fintech argentina de pagamentos digitais, lançou ferramenta em junho para comércios argentinos conseguirem usar o PIX.
Reprodução Kami
O uso do PIX no país hermano pode ser, em muitos casos, no improviso, mas, desde junho de 2023, há empresas ofertando soluções para lojas argentinas conseguirem disponibilizar o meio de pagamento.
Uma delas é a KamiPay, fintech argentina de pagamentos digitais que lançou uma plataforma com este intuito.
Funciona semelhante ao Brasil: o cliente escaneia, com o seu celular, um QR Code disponibilizado por um aplicativo, e o lojista, por sua vez, recebe o pagamento na hora. O valor é debitado em reais na conta do cliente brasileiro, enquanto o comerciante argentino recebe em pesos ou em dólar digital.
Por que há 6 tipos de dólar na Argentina?
É o que explica Matias Gorganchian, um dos fundadores da KamiPay. “O dólar digital é uma moeda denominada em dólar que é enviada através de blockchain. Esse dólar digital pode ser trocado na hora por moeda local e depositado em qualquer banco da Argentina”, conta.
No caso da KamiPay, o processamento do PIX e a conversão de pesos ou dólar em real também ocorrem no Brasil.
Por isso, os clientes também pagam a taxa de IOF de 0,38%, que incide sobre as operações cambiais.
Comerciante argentino
O aplicativo da Kami Pay contratado por qualquer empresa de qualquer cidade do país vizinho, mas, segundo Gorganchian, a nova ferramenta é mais usada em locais turísticos, como Buenos Aires, Bariloche e Mendoza.
“A vantagem para o comércio argentino é que o pagamento é feito em 20 segundos em comparação com os 10 dias úteis que leva para pagamentos com cartão de crédito”, diz Gorganchian.
Mais empresas de olho no mercado
Mas não tem só essa plataforma de olho no mercado argentino. Em junho, a empresa americana Fiserv também divulgou um comunicado informando a criação de uma solução de pagamento via QR Code.
E explicou que o valor a ser pago também é convertido em reais no momento da compra, “evitando riscos de variações cambiais”.
O g1 procurou a Fiserv para saber mais detalhes, mas a companhia informou que não concederia entrevista por falta de agenda.
O g1 também entrou em contato com o Banco Central do Brasil, que criou o PIX, para saber se o órgão também tem o intuito de exportar essa tecnologia para a Argentina. A autarquia não respondeu até a última atualização desta reportagem.
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