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PF encontra falhas em laudo cadavérico de Maxciel, indigenista morto na Amazônia em 2019


Relatório aponta que autópsia foi realizada por profissionais ‘aparentemente inexperientes’. Polícia Federal exumou corpo após família do ex-servidor público colher novas provas sobre o caso. Maxciel Pereira dos Santos trabalhava em uma área de proteção no Vale do Javari.
Arquivo Pessoal
A Polícia Federal concluiu que houve falhas na elaboração do laudo que constatou as causas da morte do indigienista Maxciel Pereira dos Santos, assassinado em 2019 na região de Tabatinga, no Amazonas.
A informação consta do relatório de exumação do corpo do indigienista. A TV Globo teve acesso ao documento.
A PF exumou o corpo de Maxciel depois de a família do ex-servidor público colher provas de que as autoridades foram negligentes na condução do caso.
O relatório da PF, finalizado nesta semana, apontou que a autópsia foi realizada por profissionais aparentemente inexperientes.
No exame de 2019, os profissionais apontaram que Maxciel fora atingido por dois disparos de arma de fogo na cabeça. A nova análise da PF, entretanto, concluiu que apenas um disparo atingiu o indigienista.
No documento, a Polícia Federal escreveu que encontrou “possíveis desconformidades entre o exame pregresso e o que ora se realizou”.
“Maiormente, restou comprovado que o crânio fora atingido por um único disparo que incidiu sobre a região têmporo-parietal posterior esquerda da calota craniana, seguiu trajeto de posterior para anterior e de baixo para cima, deixando o corpo através da região parietal direita da calota.”
Os investigadores esperavam também encontrar, alojada no corpo de Maxciel, a bala que o atingiu. Mas o projétil não foi encontrado pelos investigadores.
Brasil tem histórico de violência contra ambientalistas, como Chico Mendes, Dorothy Stang e Maxciel Pereira
Os peritos federais ouviram também uma enfermeira que acompanhou os exames cadavéricos feitos no corpo de Maxciel em 2019, já que o médico que conduziu o exame já faleceu. A profissional admitiu à PF que autópsia foi conduzida de “forma bastante precária”.
Segundo a PF, o depoimento da enfermeira ” deixa dúvidas quanto à completude, às regiões anatômicas acometidas, à coerência, senão, à idoneidade, do procedimento pericial ad hoc conduzido”.
Agora, o Instituto de Criminalistica da PF vai fazer uma nova análise dos vídeos de câmeras de segurança gravados à época do crime. O objetivo é realizar um tratamento nas imagens para buscar elementos que ajudem a identificar os responsáveis pela morte de Maxciel.
Não há prazo para o novo documento ser elaborado. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil do Amazonas, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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Tiros
Maxciel Pereira dos Santos era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) e foi morto com um tiro na cabeça em 2019, em Tabatinga, cidade do Amazonas que faz fronteira com Colômbia e Peru.
O colaborador da Funai dirigia uma motocicleta quando foi atingido por volta das 18h30 do dia 6 de setembro daquele ano. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o hospital do Exército, mas não resistiu aos ferimentos.
A suspeita da família de Maxciel é de que o homicídio tenha sido uma retaliação pelo trabalho que ele desenvolvia com indígenas na região do Vale do Javari.
Maxciel Pereira dos Santos chefiou, por cinco anos, o Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari, segundo informou a associação de servidores da Funai Indigenistas Associados (INA).
A morte de Maxciel aconteceu na mesma região em que o também indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips foram assassinados. Três anos depois do assassinato do indigienista, ninguém foi preso.

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