Segundo levantamento do ObservaDF, mais de 70% dos entrevistados afirmam que unidades de ensino são ‘muito’ ou ‘um pouco’ inseguras. Em relação à rede privada, total não chega a 30%; entenda. Estudantes em volta as aulas no DF, em imagem de arquivo
TV Globo/Reprodução
Uma pesquisa para avaliar a percepção da segurança nas unidades de ensino do Distrito Federal, divulgada nesta segunda-feira (3) mostra que mais de 70% das pessoas consideram “inseguras” as escolas públicas da capital. Os dados foram coletados pelo observatório de políticas públicas ObservaDF, vinculado à Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o levantamento, 44,3% dos entrevistados disseram que acham as escolas públicas do DF “muito inseguras” e 29,7% consideram os locais “um pouco inseguros”.
Apenas 5,2% disseram que acham as escolas “muito seguras”. Veja o gráfico abaixo:
Escolas privadas
Em relação às escolas privadas, o total de pessoas que classificaram os colégios como “muito inseguros” ou “um pouco inseguros” não chega a 30%.
“Em outras palavras, a percepção de insegurança das escolas no DF parece ser um fenômeno principalmente das escolas públicas”, diz o ObservaDF.
Dia ou noite?
A pesquisa avaliou também se a percepção de segurança das escolas públicas do DF é sentida dentro e fora das unidades – durante o dia ou à noite:
54,9% consideram os arredores das escolas muito inseguros durante a noite
46% consideram o interior das escolas muito inseguros durante a noite
30,8% consideram o interior das escolas muito inseguros, mesmo durante o dia
39,3% consideram os arredores das escolas inseguros durante o dia
“Parece que a escola é vista como foco de insegurança ainda que essa insegurança não esteja relacionada com a atividades escolar (ou seja, mais focada em seu entorno e em horários em que a escola não funciona)”, destaca o observatório.
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Insegurança nas escolas por região administrativa do DF
De acordo com a pesquisa, as Regiões Administrativas (RAs) que reportaram maior nível de insegurança em relação às escolas foram:
Fercal
São Sebastião
Lago Norte
Jardim Botânico
Taguatinga
Segundo os pesquisadores do ObservaDF, no entanto, o nível de insegurança reportado pelos entrevistados não é correlacionado com a renda per capita ou o número de incidentes e ocorrências nas RAs.
“Isso pode estar relacionado com o fato de que nossa percepção de segurança nem sempre é um espelho fidedigno das ocorrências de fato. Além disso, chamamos a atenção que a amostra para algumas localidades pode ser pequena, o que também afeta resultados”, diz o ObservaDF.
Ocorrências mais comuns
Sombra de aluna, em imagem de arquivo
Kilvia Muniz/SVM
O levantamento também identificou quais foram os principais eventos ocorridos nos últimos 12 meses com menores de 18 anos, por tipo de escola, que frequentam as aulas e que residem com o respondente da pesquisa. São eles, do mais para o menos comum:
Insulto, humilhação ou xingamento
Ameaça de agressão física, empurrar ou chutar
Amedrontamento ou perseguição
Calúnia, rumores e ofensas por redes sociais
Alguém oferecendo drogas
Roubo ou furto
Toques e apalpamento sem consentimento
Lesão provocada por algum objeto arremessado
Ameaça com faca ou arma de fogo
Esfaqueamento ou tiro
Em relação à política de segurança voltada para as escolas, a maioria dos respondentes não acredita que a atual gestão do governo do DF têm atuado para melhorar a segurança nas suas escolas e creches:
Mais de 60% observaram mudança nas políticas públicas
Cerca de 10% acreditam que a atuação do governo contribuiu para uma piora nessa segurança
Aumentar a presença de policiais no entorno das escolas e creches
Fomentar a cultura da paz
Aumentar a oferta de atividades de cultura e esporte na escola fora dos horários de aula
Para os entrevistados, as principais medidas listadas para melhorar a percepção de segurança nas escolas são:
A medida com menor importância é fornecer armas e treinamento aos professores para lidar com situações de violência nas escolas.
“Ou seja, o que os dados parecem sugerir é que respondentes preferem soluções que tragam seguranças às escolas de forma integrada à política de segurança pública, mas que não implique necessariamente trazer isso para dentro de escolas de forma direta”, pontua o ObservaDF.
Metodologia
Para fazer a pesquisa, foi realizada uma coleta de dados primários no mês de maio de 2023, com a aplicação de um questionário para uma amostra de 1001 pessoas.
Dos entrevistados, metade (50%) declarou residir com menores de 18 anos em idade escolar. A maior parte (25%) desses menores pertencia ao ensino fundamental, tanto nos anos iniciais quanto finais (14%). No ensino médio, havia 11% e, na creche, 8%.
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