Gravação do samba tem arranjo de Rildo Hora e amplia a visibilidade do escritor paulista de 95 anos. Capa do single ‘Eclipse’, de Péricles
Rodolfo Magalhães
♪ “Olho no espelho / E não me vejo / Não sou eu / Quem lá está”. Os versos do poeta paulista Carlos Assumpção estão estampados no rosto de Péricles na expressiva arte da capa do single Eclipse, lançado pelo cantor e compositor paulista ontem, 18 de novembro.
Os versos do poema de Carlos Assumpção também estão na voz de Péricles. É que o single Eclipse apresenta samba composto por Péricles com música feita a partir dos versos desse poema também intitulado Eclipse e incluído por Assumpção no livro Quilombo (2000).
O single Eclipse prega a resistência do povo preto e se engaja na luta contra o racismo. Na gravação do samba, feita com arranjo de Rildo Hora, Péricles dá voz a versos altivos e questionadores como “Senhores / Onde estão os meus tambores / Onde estão meus orixás / Onde Olorum / Onde o meu modo de viver / Onde as minhas asas negras e belas / Com que costumava voar”.
A edição do single Eclipse ajuda a ampliar a visibilidade de Carlos Assumpção, um dos pioneiros da literatura afro-brasileira.
Ícone da representatividade da cultura afro-brasileira e da luta da população negra do país contra o racismo e todas as formas de preconceito e opressão, Carlos Assumpção tem 95 anos – nasceu em 23 de maio de 1927 em Tietê (SP) – e reside atualmente em Franca (SP), cidade onde Péricles encontrou o poeta.
Realizada na Casa de Cultura de Franca, a conversa entre o cantor e o escritor gerou minidocumentário disponibilizado no YouTube simultaneamente com a gravação do samba e o lyric video do single Eclipse, editado com distribuição digital feita via ONErpm.
Péricles conversa com o poeta paulista Carlos Assumpção, ícone da literatura afro-brasileira, na Casa de Cultura de Franca, em São Paulo
Eduardo Galeno / Divulgação
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