A proposta para antecipar o pleito de abril de 2026 para dezembro de 2023 necessitava de 87 votos para prosperar, mas obteve 49 a favor, 33 contra e 25 abstenções, segundo a contagem oficial da votação no plenário unicameral. As forças militares foram usadas em várias regiões do Peru
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O Congresso do Peru rejeitou, nesta sexta-feira (16), um projeto para antecipar as eleições gerais e pôr fim a manifestações depois da tentativa fracassada de golpe de Estado do ex-presidente destituído Pedro Castillo.
A proposta para antecipar o pleito de abril de 2026 para dezembro de 2023 necessitava de 87 votos para prosperar, mas obteve 49 a favor, 33 contra e 25 abstenções, segundo a contagem oficial da votação no plenário unicameral.
Justiça determina 18 meses de prisão preventiva para Pedro Castillo, ex-presidente do Peru
O Peru vem sendo afetado por protestos após a destituição do presidente do país, o esquerdista Pedro Castillo, pelo Congresso, depois que o mandatário tentou dissolver o Legislativo e governar por decreto.
Confira a seguir uma cronologia da nova crise política em um país assolado pela instabilidade institucional nas duas últimas décadas.
7 de Dezembro: Castillo, de 53 anos, anuncia a dissolução do Congresso, a formação de um governo de emergência, a imposição de um toque de recolher noturno e que governará por decreto. O anúncio ocorreu horas antes de o Parlamento debater seu impeachment. . Os congressistas ignoram a tentativa de Castillo de dissolver o Congresso e votam por esmagadora maioria por destituí-lo do cargo por “incapacidade moral” para exercer o poder. Castillo é detido. Dina Boluarte, a vice-presidente, é empossada nas duas horas seguintes à votação do impeachment e se torna a primeira presidente mulher do Peru.
8 de dezembro: Os Estados Unidos elogiam o Peru por garantir a “estabilidade democrática” e se comprometem a trabalhar com Boluarte. Castillo se apresenta à Suprema Corte por videoconferência. O juiz ordena que ele permaneça em prisão preventiva por sete dias.
10 de dezembro: As manifestações a favor de Castillo aumentam em todo o país com bloqueios de vias e queima de pneus. Boluarte apresenta um novo gabinete de perfil tecnocrático e independente, chefiado pelo ex-procurador Pedro Angulo e que inclui oito mulheres nos 19 ministérios.
11 de dezembro: Os protestos se tornam violentos: duas pessoas morrem, e pelo menos cinco ficam feridas em Andahuaylas quando manifestantes tentam tomar o aeroporto da cidade. A polícia entra em conflito com os manifestantes, que exigem uma greve nacional, novas eleições e a libertação de Castillo. Os protestos aumentam, em especial em cidades andinas e do norte do país.
12 de dezembro: Boluarte anuncia que apresentará ao Congresso um projeto de lei para antecipar as eleições em dois anos. Também decreta estado de emergência em algumas regiões do país. Centenas de manifestantes bloqueiam temporariamente a pista do aeroporto de Arequipa, a segunda cidade do país. Os governos de esquerda de México, Argentina, Colômbia e Bolívia declaram apoio a Castillo. Outros cinco manifestantes morrem durante protestos exigindo a renúncia da nova presidente, elevando para sete o número de falecidos. Seis destas mortes ocorrem em Apurímac, terra natal de Boluarte.
13 de dezembro: O serviço de trens entre a cidade de Cusco e cidadela inca de Machu Picchu é suspenso. Um tribunal repudia uma apelação de Castillo para ser solto, e ele permanece preso na Direção Nacional de Operações Especiais (Dinoes). Os procuradores pedem que seja mantido em prisão preventiva por 18 meses. Um juiz adia a decisão para a quinta, 15 de dezembro. As manifestações contra Boluarte continuam e há bloqueios em inúmeras estradas. Manifestantes radicais e policiais se enfrentam em Lima, enquanto sindicatos agrários e indígenas iniciam uma “greve por tempo indeterminado”, exigindo eleições gerais.
14 de dezembro: Boluarte sugere antecipar as eleições para dezembro de 2023 ao invés de abril de 2024, e seu governo declara estado de emergência em nível nacional por 30 dias.