Em raros comentários públicos, imitando a propaganda de Putin, o general Gerasimov retratou a Rússia como uma vítima da agressão ocidental, sem explicar sua estratégia para neutralizar a ameaça percebida.
“Nosso país e suas forças armadas hoje se opõem a praticamente todo o Ocidente coletivo”, disse ele em entrevista ao jornal russo Arguments and Facts publicada em 24 de janeiro, acrescentando que a OTAN está “usando a Ucrânia para uma guerra híbrida contra nossa nação. ”
Ao tentar reformular as forças armadas russas, o general Gerasimov elevou as táticas de guerra irregular que ele falsamente acreditava que os americanos estavam conduzindo, em vez de se concentrar no que os Estados Unidos faziam bem – guerra de armas combinadas, misturando várias capacidades militares para criar força esmagadora, Seth G. Jones, o especialista em segurança nacional, argumenta em seu livro “Three Dangerous Men”.
Como resultado, os militares da Rússia ganharam experiência em subterfúgios e táticas clandestinas, como o envio de unidades das forças especiais russas Spetsnaz, sem insígnias, para a Crimeia antes que a Rússia anexasse ilegalmente a península em 2014.
Mas a guerra na Ucrânia exigiu um tipo diferente de manobra: campanhas ofensivas de um grande número de forças terrestres operando em diferentes áreas com o objetivo de tomar terras. Lá, o general Gerasimov foi ineficaz.
As tropas enviadas para tomar Kyiv nos primeiros dias da guerra careciam até mesmo de suprimentos básicos e logo pararam fora da cidade. Ele não aperfeiçoou a habilidade militar de mover um grande número de diferentes tipos de tropas, por terra, ar e mar, mas seu plano de invasão dependia disso. As forças russas ficaram atoladas e depois evisceradas nas cidades e vilas do norte da Ucrânia.
O próprio general Gerasimov quase foi vítima do mau planejamento de seus militares quando, no final de abril, escapou por pouco de ser morto em um ataque ucraniano quando visitou as tropas. Em vez disso, dezenas de russos foram mortos, em um incidente que levou Moscou a reduzir as visitas de líderes ao front.
