Religioso que atua no Pará alcançou seis milhões de seguidores no Instagram com respostas sinceronas em caixinhas de perguntas. Em Ribeirão Preto, SP, ele se apresentou para plateia lotada. Com bom humor, Padre Patrick fala sobre fé e religião na peça ‘Fora da Caixinha’
Diego Soares
Nascido no interior do Espírito Santo, em Santo Antônio do Canaã, o padre Patrick se dedica ao sacerdócio há dez anos e ganhou destaque no país ao responder perguntas curiosas dos fiéis por meio de sua conta no Instagram.
Das respostas divertidas e sinceronas demais para um padre, nasceu o show “Fora da Caixinha”, que o levou a um contato com o público diferente daquele que tem na igreja que administra em Parauapebas (PA).
Hoje, o religioso afirma que até xaveco já recebeu.
“A gente sempre encontra, né, aqueles que estão um pouco fora da curva ali. Que falam alguma coisa, uma cantada, a gente leva isso com naturalidade também assim”, diz.
E se diverte ao lembrar da repercussão de uma foto sem camisa postada nas redes sociais e compartilhadas por sites de celebridades. “Em minutos, tive 200 mil curtidas e o bispo me ligou. Se você procurar no Google imagens, só vai achar minhas fotos de batina bem lá embaixo”.
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Padre Patrick brinca com a turma do crossfit e das academias
Padre Patrick esteve em Ribeirão Preto (SP) nesta semana para única apresentação no Theatro Pedro II. Por uma hora e meia falou a uma plateia lotada sobre episódios curiosos da vida dele e também fez reflexões. “Eu também falo umas palavras bonitas no espetáculo”, brinca.
Do Pará para o Brasil
A história dele com o humor começou durante o lockdown provocado pela pandemia de Covid. Com as igrejas fechadas, ele encontrou na internet um canal de diálogo com os fiéis da Paróquia São Sebastião em Paruapebas, onde celebra missas atualmente.
“A gente começou a usar mais as redes sociais até como uma forma também de alcançar as pessoas que estavam em casa, dar a possibilidade de em um momento tão pesado, trazer um conteúdo leve, divertido”.
Padre Patrick apresenta a peça ‘Fora da Caixinha’ no Theatro Pedro II
Foto: Diego Soares
Quando abriu as primeiras ‘caixinhas de perguntas’ no Instagram para conversar com os fiéis, o padre não imaginava que atingiria mais de seis milhões de pessoas no seu perfil.
“Teve um momento assim que a construção foi bem acelerada. Logo quando saiu ali um pouco da bolha de Parauapebas, dos muros ali, começou a crescer muito rápido e isso até me assustou um pouco”.
Entre as piadas, padre Patrick provoca a turma do crossfit, ensina maridos a orarem pelas sogras, manda a real sobre o casamento e brinca com a própria rotina de religioso.
Com o sucesso repentino, o sacerdote teve dificuldade para compreender a importância do seu relacionamento com Deus e os fiéis.
“Eu tinha um pouco de receio das pessoas me verem apenas como uma figura caricata assim, até eu entender que o humor é uma ferramenta para trazer pessoas”.
Padre Patrick respondendo perguntas na caixinha aberta em sua conta no Instagram
Reprodução Instagram
E foi de maneira singular, com humor e leveza, que o padre ganhou espaço no país, ao contrário de outros famosos, como Fábio de Melo e Marcelo Rossi.
“Quando a gente pensa em padres que têm uma repercussão maior no Brasil, geralmente estão associados a música, e eu não canto [nada]. A via que foi me levando, através da internet e do humor, fez com que eu ganhasse uma notoriedade no Brasil”.
O teatro e as missas
Mesmo viajando o Brasil para levar alegria ao público, padre Patrick nunca deixou os fiéis de Parauepebas, que foram seus primeiros fãs e seguidores no Instagram.
“A obrigação primeira é a de padre, então no interior do estado do Pará, onde eu estou há dez anos, na Paróquia São Sebastião, lá vai ser sempre a minha prioridade e também o meu porto seguro, onde eu volto para recarregar as minhas forças”.
Da paróquia São Sebastião, no Pará, o padre Patrick conquistou o público com humor e leveza
Foto: Diego Soares
A agenda do padre, desde a estreia da peça há um ano, se divide entre o teatro e as missas. Durante a semana, geralmente, o padre se apresenta, e aos finais de semana, retorna para sua paróquia no Pará.
“O carinho que eu recebia no [universo] virtual, eu queria receber também de forma presencial, me encontrando com as pessoas. Eu acho que a vida são encontros e a gente passa pela vida das pessoas e deixa marcas”.
Já faz parte da apresentação o padre tirar fotos e conversar com os fiéis em uma troca de experiências, vivências e gratidão.
“Eu fico superemocionado com os relatos que eu escuto de pessoas que se recuperaram de algum problema psicológico vendo os meus vídeos, principalmente relacionados à leveza, e me agradecendo”.
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
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