Gigante do comércio eletrônico lançou robô capaz de detectar e manusear milhões de produtos. Empresa diz que ele vai atuar em conjunto com funcionários, mas centro de pesquisa alerta que, no longo prazo, a tecnologia vai prejudicar principalmente trabalhadores jovens, homens, latinos e negros. Anunciado pela Amazon, robô Sparrow consegue manipular objetos com a mesma destreza da mão humana
Divulgação/Amazon
A gigante do comércio eletrônico Amazon tem usado seu laboratório de robótica em Westborough, na região de Boston, para criar máquinas que automatizem centros de distribuição e reduzam prazos de entrega. A aposta gera dúvidas sobre o futuro do trabalho humano em armazéns da companhia.
O projeto “Delivering the Future” (Entregando o futuro, em tradução livre) quer transformar a empresa de venda de livros pela internet fundada por Jeff Bezos há 28 anos. Agora, o objetivo é ser pioneira da distribuição, com tecnologia própria e produção “made in USA”.
“O que vamos fazer nos próximos cinco anos vai tornar pequeno o que fizemos nos últimos dez anos”, assegura Joe Quinlivan, vice-presidente da Amazon Robotics no centro de inovação e manufatura BOS27.
Um dos avanços anunciados pela empresa é o Sparrow, um robô capaz de manipular objetos com a mesma destreza da mão humana. O dispositivo pode detectar, selecionar e gerenciar “milhões de produtos”.
Com ajuda de câmeras embutidas, ele identifica os produtos em uma esteira e os distribui em cestas para serem empacotados.
“Dada a variedade de materiais que temos nos nossos armazéns, Sparrow é um feito significativo”, disse o chefe de robótica da Amazon, Tye Brady.
Perfil @Jesus viraliza ao ganhar selo azul de verificado no Twitter
VÍDEO: ‘Carro voador’ que será usado nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 faz primeiro voo teste
Sparrow, novo robô da Amazon, consegue até manipular produtos dentro de pacotes
Divulgação/Amazon
O Sparrow se soma a outros robôs da companhia, como Robin e Cardinal (todos nomes de aves em inglês), mas o novo dispositivo pode até mesmo manipular produtos dentro de pacotes.
Cerca de 75% das cinco bilhões de encomendas ao ano que a Amazon gerencia já são manipuladas por algum tipo de robô, segundo Quinlivan.
Ameaça ou complemento?
Segunda maior empregadora dos Estados Unidos e atrás apenas do Walmart, a Amazon diz que os robôs não tomarão os lugares das pessoas. A empresa, que já foi acusada de não oferecer condições de trabalho adequadas para seus funcionários, alega que as máquinas vêm para ajudar.
“Não se trata de que as máquinas substituam as pessoas. Trata-se de que as pessoas e as máquinas trabalhem juntas, colaborando para fazer um trabalho”, assegura Brady.
O Centro de Pesquisa do Trabalho e Educação da Universidade de Berkeley alerta que embora algumas tecnologias possam aliviar tarefas mais pesadas em depósitos, também podem ajudar a “aumentar a carga e o ritmo de trabalho, com novos métodos de controle dos trabalhadores”.
E cita expressamente a Amazon e seu programa MissionRacer, “um video game que confronta os trabalhadores entre si para preparar os pedidos dos clientes mais rapidamente”.
‘É libertador’: as pessoas que abandonam redes sociais
Câmera digital mais potente do mundo tem 3,2 gigapixels; confira
Robô Sparrow, da Amazon, identifica produtos e os distribui em cestas para serem empacotados
Divulgação/Amazon
Para a entidade, a tecnologia não vai representar uma perda maciça de postos de trabalho nos centros de distribuição no curto e no médio prazo, mas o crescimento da demanda no comércio eletrônico deverá prejudicar principalmente jovens, homens, latinos e negros no longo prazo.
“Estes trabalhadores serão afetados desproporcionalmente pela mudança tecnológica”, pois estão “sobrerrepresentados” nesta indústria, em particular nos Estados Unidos, alerta o centro universitário.
Tecnologia própria e drones
A Amazon controla toda a cadeia tecnológica: desenvolve programas de informática, inteligência artificial, aprendizagem das máquinas, manipulação robótica, simulação, design dos protótipos e até um tradutor simultâneo para mais de 100 idiomas.
Também decidiu fabricar seus robôs em Westborough e North Reading, com capacidade para produzir mil unidades diárias.
Drone que será usado em entregas da Amazon
Divulgação/Amazon
A obsessão da Amazon é reduzir ao menor intervalo possível o momento em que o consumidor compra o produto e aquele em que o recebe.
Por isso, é de grande importância para o modelo da empresa a chamada “última milha” do processo de distribuição. A companhia tem 275 mil distribuidores para cobrir 148 mil rotas diárias, que podem aumentar em períodos de pico.
Até o fim deste ano, começará a entregar pacotes com drones em menos de uma hora a partir do pedido em duas localidades na Califórnia e no Texas.